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Todo mundo já sabe que sou um forte crítico da política esportiva no nosso país. Fico indignado e não respeito as pessoas que têm o poder de mudar as leis e o esporte brasileiro. Sei bem
que, com vontade política e amor ao esporte, as coisas mudariam amanhã. Mas por um ou vários motivos eles não o fazem. Mas nesse quadro de crítica é bom reforçar que não sou bobo nem
ingênuo. Muito do que acontece tem seus motivos. Em um país de atletas e técnicos que pensam no esporte e no dia de amanhã, raros são os que pedem, pressionam e se posicionam. Desta forma,
fica ainda mais difícil acreditar em uma mudança. Falta união e a maioria só se posiciona quando seu interesse é tocado. Por um bom tempo ganharam as bolsas atleta ou pódio e isso para eles
era suficiente. Acharam que seria assim para sempre. Não foi. Hoje, lendo as notícias, vi que a CBF fez um “lindo” estatuto e se fortaleceu ainda mais para que seu presidente fique, se
quiser, mais 10 anos no poder. Vi poucos ou ninguém se posicionando. Mais uma vez vemos atletas “darem de ombros” e não estando nem aí com o esporte ou a molecada que vem. Eles, ao ganhar
seu salário, acham que não têm que falar nada. Li também o problema no vôlei e mais uma vez não escutei muitos atletas. Alguns se posicionam, mas sempre os mesmos. Sempre poucos. Nos outros
esportes vemos federações rodeadas por problemas dando risada dos atletas. Em vez de esperar alguma punição exemplar dos órgãos que têm que punir (que começo a duvidar que um dia puna), não
seria a hora de fazer alguma coisa diferente? Podendo até fazer como em outros países, ou seja, lutar de fato pelo seu esporte. Pensei em como seria se os atletas cruzassem os braços por um
dia? Aqui no Brasil já tivemos a experiência ao ver atletas sentados no gramado. Será que se o esporte todo fizesse, teria outra repercussão? Vocês imaginam um dia em que NÃO SE JOGA NADA.
Ou mudam as leis, ou não tem mais vôlei, tênis, futebol, judô, tênis de mesa por um dia. Todos. Ah, vai se perder dinheiro? As televisões vão reclamar? Pode ser. Mas tenho certeza que depois
todos vão se dar melhor. Uma possibilidade seria ver todos os atletas postando em suas redes sociais uma fala dizendo “hoje eu não jogo, não treino” e a imagem do cara colocando o seu
uniforme, sua raquete, sua bola, sua luva no chão. Como repercutiria no país? E no mundo? Esse seria a primeira atitude e primeiro aviso. Isso acontece no mundo inteiro (não sei se em TODOS
os esportes já aconteceu). Até na NBA, nos esportes que são super organizados e bem mais justos, já aconteceu uma luta por direitos. Por que aqui não? Fico impressionado com a falta de
atitude dos atletas e técnicos depois de darem a vida pela sua profissão e muitos ou a maioria hoje não terem dinheiro nem pro ónibus, nem pra comer, nem para contratar um técnico ou viajar
para competir. E ainda continuam calados e felizes? Muitos podem dizer: “Agora é fácil, Fino, você de fora cornetando”. Sim, é fácil, mas ninguém percebeu que o esporte no Brasil está
morrendo? Que temos menos atletas, menos torneios, menos possibilidades. Esse é um post para fazer o atleta pensar. Assisti com atenção á matéria na _Globo _e na _Record_. As duas falam de
legado, as duas falam com atletas. As duas traçam quadros tristes, mas com pouca solução. Sabe por quê? Porque só o atleta e o técnico têm o poder da mudança. Só o protagonista. Fica a dica.
Será que chegou a hora de colocar as cartas na mesa? Chega de ver o esporte em mãos erradas? Chega de aceitar migalhas? _Fonte: Fernando Meligeni | ESPN_