Irã descarta qualquer acordo nuclear que lhe prive de suas 'atividades pacíficas'

Irã descarta qualquer acordo nuclear que lhe prive de suas 'atividades pacíficas'

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O Irã descartou, nesta segunda-feira (2), qualquer acordo nuclear com os Estados Unidos que lhe prive de suas "atividades pacíficas" de enriquecimento de urânio e pediu a


Washington que lhe forneça "garantias" de que retirará as sanções. O enriquecimento de urânio continua sendo um dos principais obstáculos entre os dois países, que mantêm


negociações para um acordo nuclear desde abril.  Os países ocidentais, a começar pelos Estados Unidos, e Israel, inimigo jurado do Irã, suspeitam que Teerã queira desenvolver armas


nucleares. O Irã nega os objetivos militares e defende seu direito a um programa nuclear civil, especialmente para energia.  "Se o objetivo é privar o Irã de suas atividades pacíficas,


então está claro que nenhum acordo será alcançado", declarou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, em uma conferência conjunta no Cairo com seu homólogo egípcio,


Badr Abdelatty.  O chanceler iraniano insistiu que seu país "não tem nada a esconder" sobre seu programa nuclear. "O Irã tem um programa nuclear pacífico [...] Estamos


preparados para dar essa garantia a qualquer parte ou entidade", afirmou. Araqchi se reuniu no Cairo com seu homólogo egípcio, Badr Abelatty, e com o diretor-geral da Agência


Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi.  A reunião ocorre um dia após a agência da ONU divulgar um relatório que mostra que o Irã aumentou sua produção de urânio


enriquecido a 60%, um nível próximo aos 90% necessários para armas atômicas.  "Há uma necessidade de maior transparência — isso é muito, muito claro — no Irã, e nada nos levará a essa


confiança (além de) explicações completas sobre uma série de atividades", disse Grossi antes do encontro com Araqchi. - "Garantias" - Grossi defendeu o relatório, chamando-o


de "imparcial".  "Afirmamos as coisas como elas são, sem uma agenda política", declarou. "Algumas das coisas que falamos podem ser desconfortáveis para alguns e,


francamente, estamos acostumados a ser criticados", acrescentou.  O Irã, por sua vez, rejeitou as conclusões da AIEA e as chamou de manobra "política" baseada em informações


"não confiáveis e enganosas".  Este relatório foi divulgado enquanto Washington e Teerã mantêm discussões há várias semanas para tentar chegar a um novo acordo.  No sábado, o Irã


afirmou ter recebido "elementos" de uma proposta dos Estados Unidos ao final de cinco rodadas de negociações mediadas por Omã e afirmou que responderia adequadamente.  Os Estados


Unidos garantiram que a proposta de acordo enviada ao Irã era "aceitável" e que era do seu interesse "aceitar", informou um veículo de comunicação americano no sábado,


citando a Casa Branca.  Nesta segunda-feira, Teerã insistiu que os Estados Unidos devem fornecer "garantias" de que as sanções contra o país serão suspensas. "Queremos


garantias de que as sanções serão efetivamente suspensas", declarou o porta-voz diplomático iraniano, Esmail Baqai. "Até o momento, os Estados Unidos não quiseram esclarecer o


assunto", acrescentou.  França, Reino Unido e Alemanha são, juntamente com Rússia e China, membros de um acordo para controlar o programa nuclear iraniano, concluído com a República


Islâmica em 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente três anos depois, durante o primeiro mandato de Donald Trump. ap/sbr/ila/pb-es/mb/aa