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O XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE OBESIDADE e Síndrome Metabólica começou nesta quinta-feira (29/5), no Minascentro, em Belo Horizonte. Um dos focos deste primeiro dia de evento foi sobre os
alimentos ultraprocessados. Ariana Ester Fernandes, mestre e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), apresentou dados sobre as diferenças na
MICROBIOTA INTESTINAL de mulheres segundo o consumo de alimentos ultraprocessados. Ariana é uma das autoras da pesquisa “Diferenças na microbiota intestinal de mulheres de acordo com o
consumo de alimentos ultraprocessados", publicada na revista Nutrition, Metabolism & Cardiovascular Diseases. “O estudo examinou 59 mulheres. Foram avaliados o consumo alimentar
por meio da classificação NOVA, medidas e características físicas do corpo e metabólicos; e microbioma intestinal por sequenciamento de nova geração”, contou. De acordo com a conclusão do
estudo, um maior CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS foi diretamente associado à resistência à leptina - um hormônio que atua no controle do peso corporal, regulando o apetite e o metabolismo
energético. Além disso, o texto sugere que este consumo pode afetar a composição da microbiota intestinal. “O alto consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associado ao aumento do
risco de obesidade e outras doenças metabólicas”, ressaltou Ariana. ULTRAPROCESSADOS O Nupens criou há 15 anos a classificação Nova, que divide os alimentos conforme o grau e o propósito
do processamento. A proposta se distancia da divisão tradicional por nutrientes e organiza os alimentos em quatro grupos. O grupo 4, dos ultraprocessados, inclui PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
feitos com ingredientes pouco familiares para uso doméstico, como emulsificantes, aromatizantes e espessantes. Entre os exemplos estão refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados e
macarrão instantâneo. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, os ultraprocessados devem ser evitados por serem nutricionalmente desbalanceados e por estimularem o consumo
excessivo, substituindo ALIMENTOS IN NATURA e minimamente processados. Segundo a Revista de Saúde Pública da USP, houve um aumento médio de 5,5% no consumo desses produtos no Brasil nos
últimos dez anos. A pesquisadora Eurídice Martinez Steele, doutora em Nutrição em Saúde Pública pela USP, apresentou ferramentas que ajudam a avaliar o consumo desses alimentos na população.
Ela falou sobre o projeto Quest Nupens, que oferece gratuitamente a pesquisadores uma plataforma online com instrumentos de pesquisa baseados na classificação Nova. O Quest-Nova inclui um
recordatório alimentar de 24 horas, um questionário de frequência alimentar e um screener para avaliar o consumo alimentar do dia anterior. Os instrumentos são autoaplicáveis, online e
permitem exportação dos dados para softwares como Stata, SPSS e R. Além disso, os dados são armazenados no Google Drive, sem acesso de terceiros. Esses instrumentos oferecem indicadores como
participação calórica de cada grupo da Nova e consumo total de energia, servindo de apoio a estudos sobre HÁBITOS ALIMENTARES e saúde da população.