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05/09/2014 09h29 ROBÓTICA PODE DESPERTAR INTERESSE DE ESTUDANTES POR EXATAS Agência Brasil A robótica pode ser usada para despertar o interesse dos estudantes para a área de exatas, segundo
os organizadores do 1º Festival Internacional de Robótica, que terminou na quinta-feira (4) em Belo Horizonte. O evento, das companhias Lego e First, ocorreu simultaneamente à Olimpíada do
Conhecimento e foi voltado para jovens de 9 a 15 anos. “É uma forma lúdica de aprendizado. Um dos grandes desafios da educação é o estímulo”, diz o gerente executivo de Educação Básica e
Cultura do Serviço Social da Indústria (Sesi), Henrique Pinto dos Santos, destacando que é dos 8 aos 10 anos que é feita uma escolha, mesmo que inconsciente, de seguir pela área das exatas.
“O objetivo [do festival] é levar esses meninos e meninas a se interessar por matemática, física, transformarem-se em engenheiros e pesquisadores. Brincando, a gente aprende”. Há alguns
anos, o Brasil enfrenta dificuldades em despertar o interesse de jovens para a área de exatas, especialmente as engenharias. O número total de matrículas nas engenharias representa 56% da
média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 44,5 para cada 10 mil habitantes no Brasil e 78,5 em média para cada 10 mil habitantes nos países da
OCDE. “Muitos jovens pensam que a única maneira de se tornar um herói é ir para o basquete ou Hollywood, fazer filmes ou música, mas precisamos que pessoas jovens se interessem por ciência,
tecnologia e que entendam que têm as mesmas oportunidades de ter uma vida próspera se se tornarem heróis nas empresas”, explica o gerente internacional da Lego Education, Gerhard
Bjerrum-Andersen. No festival, a alegria e os mais variados chapéus, que identificavam as equipes e os gritos da torcida eram contagiantes. Os robôs eram todos feitos na plataforma Lego
Mindstorms, que permite montar e desenvolver softwares de forma simplificada. Na competição, as equipes receberam um problema, que neste ano, sob o tema Fúria da Natureza, foram os desastres
naturais. Eles tiveram que pesquisar, buscar soluções, aplicar fórmulas e números para fazer um robô funcionar. No entanto, para além da parte prática, tiveram que aprender a trabalhar em
equipe e a se ajudar. Todas essas etapas contaram ponto, inclusive a integração da equipe. “É uma competição diferente, não há uma rivalidade entre as equipes”, diz a estudante Giovana
Saraiva, do grupo Legosos e Furiosos, de Uberlândia (MG). O grupo foi o vencedor do festival. O espírito de equipe foi tão grande, que durante as pesquisas para a competição eles
extrapolaram o próprio grupo e passaram a ajudar comunidades atingidas por deslizamentos de encostas, assunto trabalhado por eles. “Eles começaram a estudar e desenvolveram mais do que se
esperava”, diz o mentor da equipe, Wesley Costa. Participaram da competição 210 estudantes organizados em 23 equipes. Além do Brasil, participaram Chile, Estados Unidos, Estônia, Canadá e
Áustria. A equipe chilena Mainstream, que recebeu o primeiro lugar no critério valores – integração e espírito de equipe – usou a própria experiência do terremoto que ocorreu no país em 2010
para desenvolver o projeto. “Pensamos em construir refúgios com geração de energia e que possibilitassem a comunicação. A falta de comunicação, luz e água foram as maiores causas do pânico
vivido pelas pessoas”, diz o treinador Jorge Soto. Segundo Soto, a formação em robótica apenas recentemente começou a ser desenvolvida no país. Na cidade de Talca, no sul chileno, ele teve
que aprender por conta própria e passar para os alunos, que, segundo ele, já o superaram. “Somos uma equipe de autodidatas”. O integrante da equipe chilena Celso Acevedo diz que a
experiência no Brasil foi “muy hermosa”, e que ele deve às competições a oportunidade de conhecer o mundo. Sobre a importância dos valores, pelos quais conquistaram o primeiro lugar, ele
diz: “Se o outro está bem, eu estou bem”. * A repórter viajou a convite do Senai