Maria callas remasterizada em abbey road

Maria callas remasterizada em abbey road

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Como nunca antes, a soprano grega Maria Callas (1923-1977), ícone da ópera do século 20, poderá ser bem ouvida, graças à remasterização de sua obra, realizada pelos técnicos de som do


emblemático estúdio Abbey Road, de Londres. A caixa com 69 discos das gravações originais de estúdio de Callas será colocada à venda em 23 de setembro, após um minucioso trabalho de


remasterização que levou mais de um ano e no qual os engenheiros recorreram à tecnologia de ponta. Para isto, os especialistas utilizaram as gravações e avaliaram as notas apontadas nas


peças musicais. "A intenção era deixar tudo como estava, pois são peças históricas. O trabalho foi como restaurar uma pintura antiga, revelar as cores originais, sem alterar nada",


conta o especialista em remasterização Andy Walter no estúdio de Abbey Road, o mesmo onde os Beatles gravaram nos anos 1960. De um pequeno estúdio, equipado com grandes computadores onde a


música pode literalmente ser vista, além de ouvida, os engenheiros tiveram a árdua tarefa de polir a obra de Callas. Segundo Walter, em algumas gravações era possível escutar o barulho das


"vespas" italianas que passavam pelo Scala de Milão enquanto a soprano cantava, mas esse som não podia ser ouvido nas gravações da época por falta de tecnologia. A coleção que será


lançada contém toda a produção gravada pela soprano entre 1949 e 1969 – seu auge artístico – e um livro com sua biografia, algumas fotografias inéditas e cartas. FIDELIDADE Walter admitiu


que o começo do trabalho foi "detetivesco", já que foram aos arquivos para ver as notas, porque queriam ser "fiéis ao trabalho original". O objetivo, segundo os técnicos,


era obter uma obra de "alta definição e clareza", após limpar o som e retirar muitos erros técnicos. "Com a nova tecnologia, podemos escutar coisas que os técnicos da época


não notavam", explicou Walter. Nascida em Nova York em uma família de ascendência grega em 1923, Maria Callas foi levada por sua paixão pela música a Atenas, onde estudou com Elvira de


Hidalgo. Seu apogeu foi no início da década de 50, quando cantou nos teatros de ópera italianos mais prestigiados do mundo. Callas é lembrada principalmente pela potência e profundidade de


sua voz, o que a permitiu ser uma soprano que recorria a matizes.