Bullying corporativo

Bullying corporativo

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Estes dias atendi um profissional que tinha uma bondade imensa no coração. Apesar disso, tivera sofrido bastante por uma característica muito superficial: a aparência. Pode parecer bobo, mas


este é apenas um dos motivos que levam alguns profissionais a praticarem o bullying. Mesmo dentro da empresa, e apesar de não ter sido tão discutido quanto à temática aplicada à escola, já


senti e vi muitas pessoas sofrerem com isso. Conheci Raul há bastante tempo em um evento corporativo. Enquanto eu torrava os neurônios em busca de pessoas na área de Recursos Humanos, ele


negociava equipamentos, commodities e o que mais fosse ligado à logística. Certamente, algo que o marcava muito era a inteligência, que infelizmente era tão grande quanto o seu peso. Ambos


eram realmente grandes e a aparência chamava muito a atenção. Apesar disso, o conhecimento do rapaz era impressionante. Ele saberia conversar sobre qualquer coisa com você: política,


filosofia, economia, música, literatura - o rapaz era muito culto. Mas, apesar de ser jovem e ter hábitos saudáveis de alimentação, ele sofria com a obesidade, algo que o fez perder alguns


bons empregos, até que uma grande corporação apostou no que havia de mais importante: o conhecimento – e o contratou. Ele, que inicialmente estava na área de inteligência da empresa, foi


mais tarde designado para cuidar de um dos depósitos da empresa. O setor estava com dificuldades, após um dos líderes ter sido desligado, a empresa precisava retomar o controle do setor com


rapidez, e simplesmente não havia tempo para treinar ou "importar" um profissional novo Raul foi, então, colocado lá para tomar conta do setor. Com um ar risonho e extremamente


alegre, seu jeito desengonçado de andar, culpa da obesidade, logo começou a chamar a atenção da equipe de operários. Até mesmo os supervisores compraram a brincadeira das equipes e, em pouco


tempo, as risadinhas, que sempre pairavam no ar quando Raul estava por perto, tomaram corpo e se materializaram publicamente. No começo, Raul ficava sem jeito com as brincadeiras, mas


ignorava-as. Seu jeito bondoso e frágil não combinava com a dureza do comportamento atrevido de alguns provocadores. Em pouco tempo, o rapaz, que já era tímido, ficava cada vez mais fechado.


Em questão de poucos meses após a realocação, a produtividade dele começou a diminuir. Começou a faltar alguns dias ao trabalho sem motivo aparente, não tinha vontade de ir trabalhar,


sentia-se negativo, estava desmotivado. Na primeira oportunidade que teve, trocou de emprego. Ao pedir demissão escondeu os motivos que o fizeram tomar a decisão – estava com medo de


prejudicar os companheiros que caçoavam dele. Ao entrar na nova empresa, foi realizar os exames admissionais. Na consulta, o médico percebera que havia algo de estranho com Raul, e pediu um


exame que avaliasse melhor seu psicológico. O resultado desta segunda consulta revelou o que ele mesmo já devia suspeitar, mas não queria admitir para si mesmo: estava com sintomas de


depressão. Isso foi mais tarde aliviado com medicação e acompanhamento médico. O fato de deixar o antigo ambiente, entrar em uma nova empresa e fazer novos e verdadeiros amigos o fizeram se


sentir extremamente feliz. Além disso, respeitavam-no como ele era de verdade. Coincidentemente, o novo superior de Raul também sofria com o peso, fato que os tornou grandes amigos. Com


isso, Raul, que já era um profissional excelente, pôde colocar em prática toda a sua genialidade e capacidade – pois não estava sendo intimidado por ninguém. Estava agora em um ambiente de


trabalho saudável, como todos deveriam ser. Na Coluna Talento em Pauta desta terça-feira você irá saber mais sobre o assunto. Até breve! Veja também