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Veja o histórico da taxa de desemprego de 2008 para 2009 A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil (o que não inclui Curitiba) caiu em junho, registrando 8,1%
ante 8,8% em maio. É o menor índice desde dezembro, quando estava em 6,8%. Ainda que os dados do IBGE sejam à primeira vista positivos, eles sinalizam outro problema no mercado de trabalho:
como a taxa de pessoal ocupado cresceu apenas 0,8%, aumentou também o volume de pessoas que deixaram de procurar emprego. Na média do primeiro semestre, a taxa de desemprego foi de 8,6%,
pouco acima dos 8,3% do mesmo período de 2008. Os dados de emprego formal do Ministério do Trabalho já haviam apontado a tendência de recuperação, com a geração de 119,5 mil postos em junho.
De acordo com a economista do IBGE Adriana Bernguy, entre maio e junho o número de inativos do mercado de trabalho cresceu em 105 mil pessoas. Ainda que esse número não tenha peso
estatístico dentro de um universo de quase 18 milhões de inativos, ele ganha importância quando é analisada sua concentração em São Paulo. Na maior região metropolitana do país, a taxa de
desemprego caiu de 10,2% para 9%. Somente metade dessa queda, porém, é explicada pela criação de vagas. Segundo o IBGE, das 127 mil pessoas que deixaram de procurar trabalho em junho, só 66
mil encontraram um emprego. "A redução da desocupação é positiva, mas percebe-se que ela não se transformou diretamente em emprego porque a taxa de ocupação não subiu na mesma
proporção. Já o aumento da população não economicamente ativa pode significar duas coisas. Ou ela deixou de tomar providências para se empregar, ou está esperando o retorno de ações que já
foram tomadas, como pessoas que já entregaram currículo para o empregador ou que fizeram concurso e aguardam resultado. Só conseguiremos constatar isso nas próximas pesquisas", explica
Bernguy. INDÚSTRIA A pesquisa destaca uma melhora no emprego industrial, que vinha em declínio desde o início da crise econômica. Em junho, a indústria das regiões metropolitanas criou 58
mil postos de trabalho (1,7% de aumento), dos quais 24 mil ficaram concentrados em Belo Horizonte. "Dentro da significância estatística, considerando a participação da indústria no
cenário geral de empregos, esse aumento ficou classificado como estável. Mas pode ser relevante quando se observam as quedas sucessivas no ano, que não tiveram continuidade em junho",
diz Bernguy. De acordo com o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza, em períodos de crise é importante acompanhar a variação mensal e não
anual dos indicadores a fim de detectar possíveis sinais de recuperação. "Se compararmos com o mesmo período do ano passado, o número de empregados da indústria ainda está 5%
negativo, o que representa 183 mil postos a menos. Mas esse resultado mensal, levemente positivo, nos faz acreditar que a curva começa a mudar e, se mais nada extraordinário acontecer na
economia, sinaliza que o grande ajuste já aconteceu e que o pior já passou", diz. Para Lauro Ramos, economista do Ipea, os dados da pesquisa mostram que os efeitos "mais duros da
crise estão ficando para trás", embora ela tenha deixado sequelas, como o recuo do emprego frente a 2008. "O mercado tem se saído melhor do que se previa, mas é claro que a crise
tem um custo."