Play all audios:
Que o produto Copa do Mundo foi muito mal lançado no Brasil e até agora operado com indiscutível inaptidão pelos organizadores nacionais, encarregados pela divulgação, construção dos
estádios, obras de infraestrutura e mobilidade urbana nas cidades-sedes do histórico empreendimento não resta nenhuma dúvida. A imagem do grande acontecimento com repercussão internacional
foi arranhada pela inabilidade do governo e pela impressionante sequência de notícias negativas e contraditórias em torno das edificações prometidas à população. Os estádios privados
escolhidos foram os que apresentaram maior número de problemas, atrasos e dores de cabeça, tanto que até agora a Arena Corinthians não está pronta e a Arena da Baixada vive as suas
dificuldades. Sem esquecer que os estádios públicos foram bancados pelo governo e todos custaram bem mais caro do que a previsão inicial. Com esse grau de incapacidade, obras excessivamente
retardadas, críticas generalizadas e correções de rumo no meio do caminho, não surpreendeu o resultado da pesquisa encomendada por esta Gazeta do Povo, segundo a qual a maioria dos
curitibanos se declarou desmotivada com a realização do Mundial aqui. Por estas e outras é que a presidente Dilma Rousseff tem evitado inaugurar as arenas com a presença de público. Ela
compareceu alguns dias antes da partida inaugural, deu o famoso pontapé inicial e um beijo e um queijo para todos. As vaias dos torcedores à presidente e a Joseph Blatter no Estádio Mané
Garrincha, na abertura da Copa das Confederações, significaram duro teste para o "fair play" da Fifa. Lula, quando presidente, foi vaiado insistentemente durante a cerimônia de
abertura dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, da mesma forma que o presidente Bill Clinton e o então presidente da Fifa, João Havelange, foram vaiados enquanto discursavam no Estádio
Soldier Field, em Chicago, na Copa de 1994. Sabendo que o humor dos brasileiros não anda nada bom, pelos exagerados gastos nos estádios em um país carente nas obras sociais de toda ordem,
agravado pelos escândalos na política e na administração pública, comprometendo a imagem do governo ao ponto de a nossa maior empresa e verdadeiro orgulho nacional a Petrobras ser objeto
de uma CPI para investigar uma série de graves denúncias, a Copa será sem discursos. Ao contrário da Coreia do Sul-Japão, Alemanha e África do Sul, a Fifa, por temer vaias, decidiu promover
a cerimônia de abertura do megaevento no Brasil de uma maneira que as autoridades sejam preservadas. É natural que o povo esteja contrariado, não com a Copa, pois afinal de contas temos a
seleção com maior número de conquistas e o futebol é disparado o esporte preferido, mas sim com esse panorama sombrio que cerca os políticos e os gestores oficiais. DÊ SUA OPINIÃO O QUE VOCÊ
ACHOU DA COLUNA DE HOJE? DEIXE SEU COMENTÁRIO E PARTICIPE DO DEBATE. Veja também