Metade das obras da copa está só no papel

Metade das obras da copa está só no papel

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A pouco mais de um ano da Copa do Mundo de 2014, oito das 18 obras de infraestrutura e mobilidade previstas para o Mundial de futebol em Curitiba nem sequer foram contratadas. Além disso, as


dez em execução estão atrasadas. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgou ontem o quinto balanço da Comissão de Fiscalização da Copa do Mundo 2014 e emitiu um parecer contundente sobre


os possíveis resultados da demora nas construções. Segundo o TCE, há um grande risco de a maior parte das obras não ser concluída até o evento. O relatório avaliou a situação dos projetos


até 1.º de março deste ano. "Tememos não ter as obras concluídas até a Copa do Mundo", afirmou o presidente do TCE, Artagão de Mattos Leão. A consequência da demora é a clara


possibilidade de Curitiba e o Paraná perderem a verba destinada pelos Planos de Aceleração do Crescimento (PACs) da Copa e da Mobilidade, além de linhas de crédito especiais. Todas as obras


de infraestrutura e mobilidade custariam cerca de R$ 435 milhões. Quatro delas são de responsabilidade do governo estadual e 14, do município de Curitiba. O TCE considera que há 12 obras no


total. Mas, se forem contabilizados separadamente trechos diferentes do mesmo projeto, conforme o levantamento feito pela reportagem, o número chega a 18. BENEFÍCIO PERDIDO Por causa da


demora, a capital do estado e o Paraná já perderam duas obras, o Corredor da Avenida Cândido de Abreu e o Corredor Me­tropolitano. A segunda, primeiramente aprovada pelo PAC da Copa, mas


excluí­da do programa por não cumprir os prazos, acabou migrando para o PAC da Mobilidade. No entanto, nem todos os projetos podem vir a ter essa "segunda chance".


Consequentemente, para seguir adiante com o cronograma, o governo do estado e a prefeitura de Curitiba terão de dispor da verba para terminá-las sem ajuda federal. Um dos casos mais


preocupantes é a extensão da Linha Verde Sul. Apenas 5% do projeto foi executado por falta de pagamento de uma das cinco parcelas da obra. Segundo o TCE, R$ 61 mil não foram pagos e a


empreiteira contratada pediu a rescisão do contrato com a prefeitura. Até o momento, segundo o tribunal, o fim do contrato ainda não foi definido. "A gente considera um dos maiores


problemas. Há um pedido de rescisão de contrato", afirma o coordenador da comissão, Luiz Henrique Jorge. Outro problema é que ainda há um lote de obra na região para o qual não foi


contratada empreiteira. Além da dívida com a empresa responsável pela Linha Verde Sul, a prefeitura e o governo do estado deviam até 1.º de março deste ano R$ 35 milhões para as contratadas.


O maior débito, R$ 17 milhões, está relacionado ao Sistema de Monitoramento Integrado, na parte da obra sob responsabilidade do município. TCE ANALISA OBRAS NA ARENA O TCE está analisando


relatório enviado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre todas as obras realizadas na Arena, estádio do Clube Atlético Paranaense. Uma decisão do TCU repassou a responsabilidade de


fiscalização das obras da Arena para o TCE quando a liberação de recursos para o Atlético chegar aos 65%. Segundo o TCE, já foram liberados 44% para o clube. A Comissão de Fiscalização da


Copa do Mundo 2014 terá 45 dias para emitir um parecer quando 65% da verba estiver liberada. Por isso, a comissão tem se adiantado e analisado o conteúdo dos relatórios das obras. Segundo o


TCE, o valor de crédito autorizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) é de R$ 131,1 milhões.