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Católico fervoroso, Antônio Lopes teve ontem pouco tempo para devoção mesmo sendo o dia de Santo Antônio, padroeiro dos pobres e xará do treinador. Antes das oito horas da manhã estava ele
no CT do Caju para iniciar o trabalho como novo comandante atleticano. Uma conversa de 50 minutos precedeu o que o Delegado mais gosta: trabalho. De cara, o técnico comandou um coletivo
pela manhã para conhecer melhor os jogadores e fez mais uma atividade à tarde na qual tirou os primeiros diagnósticos sobre seu "novo-velho" clube. "Posso dizer que é a nossa
(leia-se minha) casa", definiu o treinador ao iniciar sua terceira empreitada no Furacão. Lopes indicou a necessidade de enxugar o elenco. Além do time B, que treina separadamente, o
grupo principal também estaria um pouco inchado. "Hoje o trabalho é quase individualizado. Muita gente atrapalha. O número ideal de jogadores, na minha opinião, é de 28 atletas e
temos 32. Ainda vamos analisar", explicou. Eventuais contratações também só após tal análise. Se para isso ainda há tempo, o treinador espera corrigir às pressas algumas falhas da
equipe até o jogo de domingo, contra o Fluminense, na Arena. Ele assistiu aos vídeos de várias partidas, especialmente do jogo contra o Goiás, que sacramentou a queda de Oswaldo Alvarez
considerada pelo ex-treinador como a pior apresentação nos seus dez meses à frente da equipe. "Teve bastante erro", atestou Lopes, sem apontar falhas individuais. A missão também
será resgatar o ânimo da equipe. "Não vamos conseguir mudar da noite para o dia, porém vamos trabalhar tanto a parte técnica como o lado psicológico. É pouco tempo (até o jogo), mas
vamos fazer as duas coisas." A estréia será em casa, um reduto hoje temido por parte do elenco por causa das cobranças vindas das arquibancadas. O Delegado já tem uma solução. E não é
um pedido de trégua à torcida e sim um recado às lamúrias. "O segredo é jogar bem. Se aplicar, correr, lutar. A torcida do Atlético não é um tipo de torcida que se revolta com erros
técnicos, o que quer é um time vibrante", garante, para em seguida convocar o público. O trunfo para seduzir a platéia está no passado. Em 2005 o torcedor não assistiu a nenhum tropeço
na Arena sob o comando de Antônio Lopes. Em doze jogos foram oito vitórias e quatro empates. Após levar o Rubro-Negro ao vice-campeonato na Libertadores, Lopes considera possível o time
lutar este ano pelo troféu da Copa Sul-Americana. "Acho que o Atlético tem condições de brigar por esse título inédito na história do clube", afirmou. No Brasileiro, a pretensão é
uma vaga no principal torneio continental. Já o título nacional seria uma surpresa "como foi o Atlético chegar na final da Libertadores em 2005", ponderou.