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Apoiadoras do presidente, que divide a população síria entre a admiração e o ódio O presidente sírio, Bashar al-Assad, que apresentou na última segunda-feira sua candidatura para um terceiro
mandato, demonstrou ser um mestre da sobrevivência e conhecedor das rédeas do poder apesar da guerra. Não se sabe se Assad, um oftalmologista de profissão que quando chegou ao poder parecia
um homem com pouco carisma e de disposição moderada, é um Maquiavel que manipula ou a face visível de um sistema inexpugável. Seja como for, Assad se valeu de um ferrenho sistema político
construído por seu pai, Hafez al-Assad, de quem herdou o cargo após sua morte em 10 de junho de 2000, para se manter no posto. Sua pessoa movimenta paixões entre os sírios, que o odeiam ou o
idolatram, dependendo da simpatia ou inimizade com o regime, embora exista uma grande massa que simplesmente quer viver em paz. Frente à rigidez de seus discursos, nas entrevistas que
concedeu nos últimos três anos, o líder se exibiu sempre relaxado, e inclusive sorridente, sabedor da idiossincrasia da sociedade síria. "A maioria dos sírios está no meio e depois tem
gente que te apoia e gente que é contra. Portanto, a maioria sempre está no meio, o que não significa que esteja contra", dizia em um desses discursos, nos quais costuma dominar a
retórica com grande habilidade. REFORMAS Apesar de defender contra tudo e contra todos que seu país enfrenta uma luta contra o terrorismo e de ter dado ordem para que os tanques acossassem
os manifestantes, admitiu que o sistema político de seu país não é democrático e que reformas são necessárias. "Há diferença entre ditador e ditadura. A ditadura é um sistema e nunca
dissemos que foi uma democracia, mas estamos nos movimentando rumo às reformas (...) Sobre minha pessoa, o que faço deve se basear na vontade do povo, porque é preciso legitimidade
popular", afirmava em dezembro de 2011. BARBÁRIE DO CONFLITO SÍRIO É RETRATADA EM OBRAS DE ARTE _Efe_ A arte que sobrevive à barbárie da Síria, graças aos criadores que continuam
trabalhando, apesar das revoltas de 2011 que geraram uma guerra civil, chega a Paris com uma exposição no Institut des Cultures dIslam (Instituto de Culturas do Islã). Os vídeos, as
fotografias e as pinturas levam a assinatura de 15 artistas que retratam, às vezes com humor ácido e, outras, com dureza, o horror da violência que castiga um país destruído. Como diz o
título da mostra, "Et pourtant ils créent! Syrie: la foi dans lart" ("E ainda assim criar! Síria: a fé na arte"). Apenas um dos artistas, Fadi Yazigi, cujas peças
viajaram às feiras de arte contemporânea de Paris e de Dubai, continua vivendo em Damasco, onde a falta de recursos os levaram a usar sacos de farinha como telas, contou a diretora do museu,
Elsa Jacquemin. EXÍLIO Os outros trabalham do exílio, e suas obras refletem que tudo mudou. Alguns modificaram os temas que tratam, enquanto outros mudaram os tons e as técnicas usadas,
apostando em muitos casos no uso dos meios digitais. Akram al Halabi deixou os pincéis para se dedicar a escrever sobre uma série de fotografias de massacres da Síria. No caso de Mohammed
Omran, cujos desenhos abordam o corpo humano doente, as cores dos primeiros filmes empalideceram e em seus últimos trabalhos o branco e o preto se apossam das imagens. BIOGRAFIA Nascido em
11 de setembro de 1965 em Damasco, Assad estudou Medicina e se especializou em oftalmologia na capital síria e Londres, onde cursou pós-graduação. Em 1994, foi chamado por seu pai, o então
presidente Hafez al-Assad, após a morte de seu irmão mais velho Basel em um acidente de trânsito. A partir de então, Bashar foi subindo na carreira militar com o apoio paterno. Depois da
morte do pai, que governou durante quase três décadas, foi declarado presidente pelo parlamento após um referendo popular no qual recebeu aprovação de 97,29% e jurou o cargo em 17 de julho
de 2000. Foi reeleito em 2007.