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O EQUADOR entrou com ação em uma câmara de arbitragem internacional para suspender o pagamento de um empréstimo junto ao BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES), sob o
argumento de que ele seria ilegal, afirmou uma autoridade à Reuters nesta quinta-feira. O BNDES financiou um projeto hidrelétrico no Equador que apresentou irregularidades, disse o
presidente do estatal Fundo de Solidariedade, Jorge Glas, que administra as empresas estatais do setor elétrico. Segundo ele, o pedido de suspensão do pagamento foi feito à Câmara de
Comércio Internacional, em Paris. "Estamos pedindo medidas cautelares, entre elas a suspensão do pagamento, enquanto se determinam os motivos da demanda", disse ele, observando que
o crédito tem vícios de ilegalidade. O BNDES fez um empréstimo de 320 milhões de dólares utilizado para financiar a construção da central hidrelétrica San Francisco, cujas operações foram
suspensas por vários meses devido a falhas técnicas. San Francisco, a segunda maior hidrelétrica do país, foi construída pela empresa brasileira Odebrecht. Procurados, o BNDES e o Itamaraty
afirmaram por meio de suas assessorias que não comentariam o assunto. O anúncio de Glas foi feito horas antes de uma comissão encarregada de investigar a legalidade da dívida externa
equatoriana dar detalhes sobre sua conclusão final. A partir desse informe, o presidente Rafael Correa, que tem ameaçado dar o calote em débitos considerados ilegais, contratados por
governos anteriores, decidirá a futura política financeira do país. Os investidores estrangeiros temem que o Equador decida não honrar o pagamento de sua dívida externa, estimada em 10
bilhões de dólares, em meio à queda no preço do petróleo, um produto vital para o Estado equatoriano. Correa, um líder nacionalista com afinidades com o presidente venezuelano, Hugo Chávez,
assegurou em várias ocasiões que poderá priorizar os gastos em programas sociais. A central hidrelétrica apresentou problemas técnicos após um ano de operações, o que provocou uma reclamação
do governo junto à construtora, que se negou a pagar uma indenização solicitada pelo país. Correa decidiu expulsar a Odebrecht do país e passar para o Estado os projetos da construtora,
entre eles, outras centrais hidrelétricas, um aeroporto e uma rodovia. A comissão de auditoria da dívida externa do país incluiu em sua análise os créditos bilaterais, entre eles os
outorgados pelo Brasil, que teriam vícios de ilegalidade, segundo o informe final.