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Jerusalém Os meios de comunicação israelenses estão chamando o episódio de um "deslize nuclear". Assessores do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, negam que o país tenha
mudado de política a respeito da questão. De toda forma, a política de ambigüidade adotada pelo país há décadas parece ter ruído depois de Olmert, em uma entrevista concedida a um canal de
tevê alemão, haver dito, implicitamente, que Israel era o único país do Oriente Médio a possuir armas nucleares. A declaração apareceu menos de uma semana depois de o novo secretário da
Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, ter sugerido que Israel possuía a bomba. As palavras de Olmert foram o principal assunto da imprensa de Israel ontem. Os dois maiores jornais do país
publicados em hebraico estamparam em sua primeira página: "O deslize nuclear de Olmert". Na entrevista, na qual falou em inglês, Olmert afirmou: "O Irã ameaça aberta,
explícita e publicamente varrer Israel do mapa. Pode-se dizer que esse é o mesmo nível de ameaça, quando eles tentam adquirir armas nucleares, como os EUA, a França, Israel e a
Rússia?". O Irã, cujo presidente já defendeu a eliminação do "regime sionista", negou tentar desenvolver armas nucleares. O país diz que seu programa nuclear visa apenas à
produção de eletricidade. Há muito tempo, Israel adotou a postura de não confirmar nem negar que possui um arsenal nuclear. A manobra era parte da "ambigüidade estratégica"
responsável, segundo o Estado judaico, por manter afastados os inimigos árabes, numericamente superiores. Essa postura reticente provoca bastante indignação entre os árabes e os iranianos,
que acusam os EUA de implementar na região uma política de dois pesos e duas medidas.