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Escolhido relator da CPI Mista da JBS, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) está longe de ter a imparcialidade e o distanciamento devidos, como diz ter, para o cargo. Ele já fez duros ataques a
dois dos principais alvos da comissão. Tratou o empresário Joesley Batista, dono da JBS, como um “cachorro”, um “meliante” e “super delinquente” e se referiu ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, como “líder da oposição” e um “líder fraco”. Marun encabeçou o movimento pela criação da CPI. Tudo em defesa do presidente Michel Temer. Colecionar polêmicas é com
ele. O deputado foi o chefe da tropa de choque que lutou por Eduardo Cunha, hoje preso no Paraná pelo Operação Lava Jato. FIQUE POR DENTRO: Todas as notícias sobre a Lava Jato O OBJETIVO:
PUNIR ALGOZES DE TEMER “Em relação a entrevista do super delinquente Joesley Batista, faço as seguintes considerações: não é demais lembrar que este cachorro – forma como os delatores
colaboradores eram conhecidos durante a ditadura – esteve por mais de 40 minutos gravando o presidente e nada conseguiu tirar dele de realmente criminoso ou comprometedor. É óbvio que
orientado por sua defesa o meliante tenta proteger seu escandaloso e benevolente acordo de delação”, disse Marun sobre Joesley, que deverá ser convocado para depor na CPI. LEIA TAMBÉM:
Parlamentares “disputam” convocações de Janot, Joesley, Miller e Saud na CPI Não foram poucos os ataques e referências a Janot. Quando coletava assinatura para a CPI, o deputado deixou claro
que o objetivo é punir os algozes do presidente Temer e rever decisões judiciais. “Penso que, assim [com a CPI], o objetivo é de esclarecermos a sociedade a respeito desta questão e
eventualmente propormos punições e anulações de atos jurídicos poderá ser também cumprido.” E atacou Janot. Marun afirmou que ele foi derrotado na escolha do seu sucessor na
Procuradoria-Geral da República (PGR): “Janot, com o fatiamento da denúncia [contra Temer] transformou-se no líder da oposição. Com a proximidade do fim do mandato e com as muitas
contestações que vem recebendo, até no campo da sua honestidade pessoal, se constitui em um líder fraco, sem a mínima condição de vencer esta batalha. É isto! Janot e a oposição sabem que
não podem derrubar o presidente, mas mesmo assim insistem em prejudicar o Brasil” . SAIBA MAIS: Trapalhada na delação da JBS ameaça levar Lava Jato a encruzilhada no STF CONTESTAÇÃO E ADEUS
O relator da CPI teve sua indicação questionada por, pelo menos, dois senadores, que deixaram a comissão. Foram eles Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Otto Alencar (PSD-BA), que acusaram a CPI de
ser chapa branca e de servir de palco de revanchismo de Temer contra Janot, Joesley e outros, como o procurador Marcelo Miller, que auxilou os donos da JBS no processo da delação. Marun
rebateu. Disse que esses senadores deveriam aguardar o resultado de seu trabalho e votar contra, se assim o desejassem. “Desculpa esfarrapada. Vejo nisso o velho medo se apossando desses
senadores. Esta não é uma CPI qualquer. Gente que sempre investigou vai ser investigada. Este parlamento sempre se acovardou diante desse tipo de atitude e vejo na debandada desses senadores
a prova de que esse medo continua existindo”, disse Marun. “Mas, se for por falta de adeus, estão liberados”.