Juventude eterna fica só na promessa

Juventude eterna fica só na promessa

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A fonte da juventude não pas­­sa de lenda, mas há muita gente tentando forjá-la, seja com o uso de hormônios, de vitaminas, de antioxidantes ou de outras substâncias que prometem retardar o


envelhecimento. Devido à proliferação de tais tratamentos, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) criou um grupo, formado por membros da sociedade e demais especialistas


da área, que está avaliando a eficácia e a segurança dessas terapias. Além disso, de acordo com o geriatra e diretor de comunicação da SBGG, Salo Buksman, a onda do uso das substâncias que


supostamente garantem mascarar a idade viabilizou a atualização da resolução 1.938/2010 do Con­selho Federal de Medicina (CFM), que deve ser emitida muito em breve. A resolução trata, dentre


outros assuntos, da falta de comprovação científica das terapias antienvelhecimento e veda o uso e a divulgação delas no exercício da Medicina. No entanto, ainda que não seja possível


mapear os profissionais que aplicam esses métodos, o geriatra da SBGG acredita que tem havido um aumento de atividades relacionadas ao antienvelhecimento em todo o país. "A prática tem


uma rentabilidade comercial muito grande e, por isso, vários profissionais apelam para esse recurso em nome de algo que não existe", argumenta. Com a promessa de aparentar alguns anos


mais jovem, evitar rugas e manter os músculos no lugar, a corrida em busca do controle do envelhecimento é disputada, mas não chega a lugar algum. Até hoje, a ciência não desenvolveu


substâncias capazes de romper com os efeitos do amadurecimento, e os métodos disponíveis que garantem o fervor da jovialidade são tão ineficazes quanto perigosos. "Muitos médicos


prescrevem não só medicamentos caros e inócuos, mas também substâncias com efeitos colaterais, como os hormônios [leia os perigos no quadro acima], que são vendidos pelos profissionais de


uma forma indiscriminada, sem a indicação real de um médico", explica Buksman. O geriatra e professor da Universidade Positivo Vitor Pintarelli ressalta que nem mesmo alimentos ricos em


antioxidantes, popularmente conhecidos pelas propriedades rejuvenescedoras, têm efeito garantido. Segundo ele, ainda que na teoria as substâncias sejam reconhecidas por retardar o processo


de envelhecimento, na prática nenhum estudo até agora conseguiu comprovar o efeito antienvelhecedor desses alimentos. Contudo, Pintarelli afirma que, embora não haja meios eficazes que façam


com que permaneçamos jovens para sempre, existem maneiras que conseguem promover uma velhice sadia. "Ter alimentação bem equilibrada, fazer atividade física constante e


proporcionalmente à condição de cada idade e manter a vida intelectual e social ativa é o que a Medicina realmente oferece para que os idosos consigam viver mais tranquilos", diz.