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O resgate de três pessoas – sendo duas crianças – no fim da tarde deste domingo (5) em um rio em Morretes, no Litoral do Paraná, reacendeu o alerta para ocorrências do fenômeno cabeça d’água
- aumento muito rápido do nível dos rios causado por chuvas nas cabeceiras ou nos trechos mais altos do leito - , que, desde o começou do ano, já causou uma morte no Paraná. Vídeo divulgado
pelo Corpo de Bombeiros mostra o momento em que um menino de 12 anos e uma menina de 6 anos são retirados de uma pedra em que ficaram ilhados após serem surpreendidos pela cheia abrupta do
Rio Mãe Catira. Eles estavam com o pai, de 41 anos. Por sorte, ninguém ficou ferido. Na mesma situação, um casal foi arrastado pela correnteza e socorrido em um ponto mais à frente pelas
próprias pessoas que estavam ao redor do rio. ASSISTA AO VÍDEO DA FAMÍLIA SENDO RESGATADA NO RIO CATIRA A fotógrafa Diane Paes, de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, presenciou
a situação. Ela conta que voltava de um passeio de boia cross no Rio Nhundiaquara quando resolveu parar nas proximidades do Rio Mãe Catira para lanchar. “Muita gente julgou o pai, ficou se
perguntando o que ele estava fazendo ali. Mas ele estava em uma região de curva e foi tudo muito de surpresa. Ele não estava esperando. Ninguém estava, até porque o rio estava muito raso e
tinha bastante pedra. Para se ter uma ideia as crianças estavam brincando em pocinhas”, comentou a fotógrafa, que foi surpreendida pelos gritos das crianças. “Vi quanto o menino conseguiu ir
para a pedra. O pai conseguiu ir para a mesma pedra. Ele agarrou a menina e foi. Ela chorava muito”, relembra Diane. Segundo o sargento Cristiano Luis Meduna, que participou do resgate,
bombeiros que patrulham a região começaram a emitir alertas de possibilidade de cabeça d’água desde as 16h30, quando foram avisados sobre as condições do tempo. Também foram deslocados para
o local uma equipe do Samu e outra de Bombeiros para atender a ocorrência. “É um resgate difícil tanto para a segurança das vítimas como para a segurança dos próprios bombeiros. Tivemos que
preparar um cenário dentro do protocolo e com todos os equipamentos disponíveis para operações em águas rápidas”, comentou o sargento, para quem a parte mais delicada do trabalho foi
convencer a menina de seis anos a confiar que a travessia montada por eles era segura. “Ela realmente ficou mais assustada e não queria largar o pai. Apesar disso, a gente conseguiu manter
uma certa tranquilidade e fazer com que o resgate fosse tranquilo”. Veja também CHUVA EM EXCESSO AUMENTA CASOS EM 2017 Os casos de cabeça d’água aumentaram no Litoral do Paraná nesta
temporada. Somente em Morretes, o Corpo de Bombeiros registrou seis resgates e um óbito, contra cinco resgates e três óbitos na temporada passada. Os dados não levam em conta o resgate feito
neste domingo e também não especificam se as operações são decorrentes necessariamente de cabeças d’água, mas sabe-se que o óbito – há duas semanas – foi causado pelo fenômeno. “Esse é um
fenômeno normal de uma região serrana. Acontece no mundo inteiro. Porém, esse ano está mais corriqueiro, sendo que temos vários registros durante a semana aqui no Litoral do Paraná”, relata
o tenente Murilo Oliveira Santos. Caracterizado pelo aumento súbito do volume, velocidade e nível do rio, as cabeças d’água são provocadas por fortes chuvas – principalmente acima das
montanhas. E o alto volume de precipitação ajuda a explicar a incidência constante do fenômeno. Conforme o Simepar, as chuvas têm sido agressivas nesse verão, com grande concentração em
curto espaço de tempo. A média, que é de 350 mm nesta época, foi superada em janeiro tanto em Antonina como em Guaratuba e Paranaguá, que atingiram, respectivamente, 463 mm, 400 mm e 477 mm.
“A cabeça d’água pode demorar algumas horas para atingir os rios, mas também pode demorar minutos ou segundos”, alerta o capitão Ícaro Gabriel Greinert . Resgate da família no Rio Catira