'compra de pasadena não seria feita hoje', diz graça foster

'compra de pasadena não seria feita hoje', diz graça foster

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Em depoimento à CPI "governista" do Senado nesta terça-feira (27), a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que, com as informações atuais, a estatal não compraria a


refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O prejuízo foi de US$ 530 milhões. Graça definiu a negociação como positiva na época, mas "a avaliação à luz atual não foi um bom


negócio". "Em um futuro próximo é possível que haja melhoria. Mas não seria feita novamente hoje [com] as informações que temos", disse. Ela admitiu que "a compra de


Pasadena é um negócio de baixo potencial de retorno pelos investimentos feitos", mas isentou a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade no negócio. Em 2006, o Conselho de


Administração da Petrobras, à época presidido por Dilma Rousseff, autorizou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, que pertencia à empresa belga Astra Oil. Somente há dois meses a


presidente Dilma criticou o resumo feito pelo então diretor internacional, Nestor Cerveró, chamando-o de "incompleto", por omitir, na transação para compra de metade da refinaria,


a existência das cláusulas "put option" (determinando em caso de discordância entre as duas partes que a Petrobras seria obrigada a comprar o restante das ações) e


"Marlim" (dando à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano). Após um processo na Câmara Internacional de Arbitragem, a Petrobras teve que comprar - obrigada


por essas cláusulas - a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena acabou sendo um mau negócio e trouxe prejuízo para o Brasil. No depoimento, Graça


repetiu a versão da presidente Dilma de que o resumo entregue ao conselho de administração não mencionava as cláusulas "Put Option" e "Marlim". Também disse que, no


resumo, não constava a condição de compra dos 50% restantes da refinaria, que gerou o mau negócio para a Petrobras. Graça explicou que se as cláusulas fossem apresentadas "certamente


demandariam grande discussão". "Em especial, se os riscos estivessem sido explicitados", disse. Na opinião dela, com essas informações, era possível que o negócio "não


tivesse acontecido". Questionada se a presidente Dilma Rousseff era responsável pelo negócio, Graça afirmou que não. "[Os responsáveis são] primeiramente a diretoria da Petrobras


que aprova e recomenda. Depois, o conselho aprovou por unanimidade. Então somos todos nós." Em resposta aos senadores, ela negou que a refinaria seja considerada "sucata


velha", uma das criticas feitas em relação à compra da refinaria. "Não encontra nos relatos, nos documentos, nenhum relato dizendo que essa refinaria [na época] era uma sucata


velha. Essa refinaria sim precisava de investimentos". Graça afirmou ainda que buscar o refino no exterior foi o que despertou o interesse em Pasadena. De acordo com a presidente da


Petrobras, Pasadena tinha um terreno muito grande e a localização muito boa e "construir uma refinaria nos EUA não é trivial". A presidente da Petrobras afirmou ainda que não houve


nenhum parecer contrário à compra da refinaria entre todas as consultorias contratadas pela Petrobras. Apenas cinco senadores governistas acompanharam o depoimento de Graça na CPI do Senado


que investiga a Petrobras. A oposição boicota a CPI exclusiva do Senado por considerá-la "chapa branca" e tenta criar outra, com a participação de deputados e senadores, para


também investigar os negócios da Petrobras. Nela, acredita a oposição, haverá mais liberdade para investigar. A CPI do Senado aprovou, antes do depoimento de Graça começar, a convocação do


ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no dia 17 de março na operação Lava Jato, da Polícia Federal, por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Costa foi solto na semana


passada. Veja também