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O FORO DE SÃO PAULO, que reúne centena de partidos da esquerda latino-americana, começou nesta quarta-feira (31) e debate até domingo (4) os rumos para a região e as alternativas "aos
modelos neoliberais". Os dois primeiros dias serão dedicados a contatos entre as delegações. A inauguração formal do Foro acontece na sexta-feira em um ato que vai contar com a presença
do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Criado em 1990 para articular os partidos de esquerda do continente, o Foro de São Paulo viu vários de seus articuladores chegarem ao poder nos
últimos 15 anos, inclusive Lula. "Entre os principais temas que serão debatidos no evento estão os desafios da integração latino-americana, os projetos de desenvolvimento regional e o
papel geopolítico do grupo dos Brics", integrados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, explicou VALTER POMAR, secretário-executivo do Foro de São Paulo. Sobre os Brics, a
senadora mexicana Dolores Padierna, do Partido da Revolução Democrática (PRD), disse que o grupo "representa um novo paradigma na política mundial e desenha uma nova geografia do
poder" que é mais "próxima" aos interesses da América Latina. Os organizadores confirmaram que o discurso de encerramento será do presidente da Bolívia, Evo Morales, anfitrião
da próxima edição do Foro, em 2014 em Cochabamba. Embora ainda não tenha sido confirmado, especula-se que o presidente da Venezuela, NICOLÁS MADURO, participe sábado de um ato em memória de
seu antecessor Hugo Chávez, falecido em março. Pomar destacou que as primeiras eleições vencidas por Chávez, em dezembro de 1998, deram início a "um ciclo progressista" na América
Latina, reforçado em 2002 quando Lula chegou ao poder e ampliado com as vitórias de outros líderes de esquerda em outros países da região. Graças a esse "ciclo progressista",
Pomar considerou que foi possível "frear" a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), iniciativa comercial promovida pelos Estados Unidos que finalmente naufragou na IV Cúpula
das Américas realizada na Argentina em 2005. Um dos assuntos debatidos será o retorno do Paraguai ao Mercosul, sob a presidência rotativa da Venezuela até 15 de agosto, quando assume o
conservador Horacio Cartes, presidente paraguaio. O governo de Maduro vai trabalhar pesado "para que o Paraguai se reincorpore", disse Rodrigo Cabezas, membro do Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV). Segundo o político, o retorno do Paraguai ao bloco "é um compromisso e uma decisão política do governo venezuelano" e não depende da ideologia de
Cartes. "A integração regional não é de esquerda, nem de direita nem de centro. É um fato latino-americano", afirmou Cabezas.