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David Tavares (foto por Noah Shaye) No último dia oito de abril, o violonista David Tavares, nascido em Guarapuava e radicado em Madri há 29 anos, lançou em Curitiba o terceiro álbum de sua
carreira: “Ni tan Rey, ni tan ratón”. O espetáculo ocorreu no Centro Cultural Portão, no Auditório Antônio Carlos Kraide, numa apresentação intimista e comovente. Além de composições
instrumentais de David, o show também trouxe no repertório algumas de suas canções com letra, na voz sensível de Paulo Mestre, contando ainda com a participação de músicos de peso da
capital: André Prodóssimo (baixo) e Marcio Rosa (bateria). Reconhecido fora do Brasil pelas performances de violão flamenco em seus discos anteriores, David apresentou para o público
curitibano uma surpreendente mistura de ritmos tradicionais da música brasileira e da música clássica com flamenco. A plateia adorou. “Foi muito emotivo! Retornar ao Brasil sempre é bom!
Fiquei muito contente com a resposta do público e da crítica. Também gostei muito do Auditório Carlos Kraide, porque não o conhecia, e me surpreendeu a acústica e a qualidade dos técnicos
que nele trabalharam durante o show. Espero poder repetir a apresentação ali, da próxima vez que vier a Curitiba, porque sempre reencontro uma quantidade grande de amigos” conta David.
RENDILHA SONORA No novo disco, o músico traz jogo com nomenclaturas e sonoridades típicas do Brasil e da Espanha O álbum foi produzido por Rafael Morales e David Tavares, e traz 12 faixas, 9
delas compostas pelo próprio violonista e outras 3 em parceria com Bio Medeiros. O nome e a capa do CD são, no mínimo, curiosos. Sobre “Ni tan Rey, ni tan ratón”, David Tavares explica suas
escolhas: “Primeiro escolhi a capa a partir do desenho da minha filha: tem um rei tocando violão e tem uns ratinhos também, como num conto de fadas! Para combinar com o desenho e com o
estilo de música que tem no disco, meu amigo Carlos Alonso, escritor e compositor, me deu essa ideia para o título. Já que o disco tem uma variação muito grande de ritmos e estilos, achei
que o nome combinou muito bem.” Essa variação de ritmos é o que diferencia esse novo trabalho dos 2 anteriores, enriquecendo e dando novos rumos à carreira que David desenvolve na Espanha,
acompanhado de músicos de renome internacional. O disco inova ao apresentar um trabalho maduro, pois subverte três vertentes musicais: o flamenco aparece como bulería, rumba, tremolo e até
numa mistura inusitada com o fandango na faixa “Danza cortezana”; a música clássica no arpegio da faixa “Balada para una mujer triste” nos remete à “Sonata ao luar” de Beethooven; e a
tradicional música brasileira aparece amarrada em igualdade com outras vertentes, com destaque para as faixas “Frevando”, “Negro e sinhá” e “Tremolo da saudade”, nas quais qualquer tentativa
de definição reduzirá a polifonia que elas trazem. David faz rendilha com esses rótulos musicais, passeando com segurança pelos temas e os apresentando de forma despretenciosa, como quem
estivesse improvisando, brincando de fazer som, sempre com muita técnica e sensibilidade. O músico se coloca, nesse caso, à serviço da música como meio de integração entre culturas, de forma
ilimitada. Arte pela convivência. Nem tão rei do violão, nem tão rato. _(por Luciane Alves)_ Saiba mais sobre David Tavares em sua página do Facebook e em seu site oficial Confira a obra de
David Tavares em sua página do MySpace