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Servidor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que multou Jair Bolsonaro por pesca irregular em 2012, José Augusto Morelli foi direcionado a
passar os dois últimos meses fazendo um trabalho burocrático e incompatível com sua experiência de 20 anos no órgão. No início do mês, Morelli se afastou do Ibama para concorrer a deputado
distrital pela Rede. Em maio, segundo relatos de servidores, Morelli recebeu ordem para fazer apenas um trabalho: buscar no Diário Oficial da União e no Boletim de Serviços do Ibama, que
traz as medidas administrativas, os funcionários que haviam morrido ou se aposentado. Com essas informações, deveria fazer um documento pedindo a exclusão desses servidores do sistema
eletrônico do Ibama. LEIA TAMBÉM Com 20 anos de Ibama que incluem postos de chefia, o servidor concursado é especialista em direito ambiental e ganha R$ 14,3 mil por mês. A ordem causou
constrangimento no instituto. Medidas desse tipo são conhecidas como “geladeira”. Acontecem quando um funcionário público é punido informalmente, desviado de seu trabalho e enviado a tarefas
sem necessidade ou que poderiam ser feitas por pessoas com menos qualificação. Em 2012, Morelli multou em R$ 10 mil o então deputado Jair Bolsonaro por pesca irregular na Estação Ecológica
de Tamoios, na região de Angra dos Reis (RJ). A multa nunca foi paga. Em dezembro de 2018, dois meses depois que Bolsonaro foi eleito presidente, o Ibama anulou a punição. No terceiro mês do
governo Bolsonaro, em março de 2019, Morelli foi demitido da chefia do Centro de Operações Aéreas da Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama. Naquela época, Morelli veio a público dizer
que havia sido punido por ter feito seu trabalho e fora alvo de vingança pessoal do presidente.