O risco da radicalização

O risco da radicalização

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Somente os setores mais radicais da direita e da esquerda parecem estar satisfeitos com o momento delicado que tem potencial para levar o Brasil a uma convulsão social sem precedentes na


história da nação. O depoimento do ex-presidente Lula, na última sexta-feira, deflagrou um processo não totalmente delineado que deve ter reflexos imprevisíveis nas manifestações legítimas


marcadas para o próximo domingo contra a presidente Dilma Rousseff, e que não devem servir para fomentar reações de conflito entre torcedores de um lado ou outro em meio à crise que afeta o


país. As vozes mais sensatas da República, entre elas a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, um líder da oposição, já se levantaram bem antes dos acontecimentos recentes para


argumentar de que não é o momento para pregar o extermínio deste ou daquele, ao referir-se ao PT. Há, inexoravelmente, a necessidade de se tratar quem comete crimes contra a ética e a favor


da corrupção com os rigores da lei, e, sob este prisma, vale reforçar que as instituições têm funcionado dentro deste princípio, embora existam exageros que terão repercussão futura. Lula


foi levado a depor por uma figura legal, autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro, que preside o inquérito da Operação Lava Jato. A ilegalidade apregoada pelos petistas e aliados do


ex-presidente e de Dilma refere-se ao formato da ação policial, não ao seu propósito. Lula e muitos dos que o cercaram enquanto primeiro mandatário do país devem, sim, explicações à


sociedade e são eles que deverão assumir suas reponsabilidades sobre os atos praticados, não os que os defendem sem a devida criticidade ou os que o acusam sem considerar os passos legais de


uma investigação. Precipitar passos, no atual cenário, beneficiará réus confessos ou não a virarem vítimas políticas, algo que nos interessa menos do que uma punição exemplar dentro da


legalidade e não resolve crises econômicas também. OS MAIS PRÓXIMOS Os deputados federais Pedro Uczai e Décio Lima, ambos do PT, foram os catarinenses escalados pelo partido para acompanhar


de perto Lula e os desdobramentos dos fatos da última sexta-feira, em São Paulo. Ambos estiveram no diretório do PT e nas manifestações pró-Lula, e, no final da tarde de ontem, em Chapecó,


Uczai já correu para pegar o avião para Brasília, onde participará de reunião da bancada federal, nesta segunda, a partir das 8h da manhã, na capital federal, para traçar estratégias e


analisar as consequências para o governo.   TÁTICAS A oposição, que utilizará Lula para bater em Dilma e robustecer a tese do impeachment, acredita que será necessário outro movimento,


apressar a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, ponto da falta de credibilidade do Congresso. Já os petistas, como o presidente estadual Cláudio Vignatti, balançados


pela ação da PF, não têm dúvidas de que a ida de Lula para o Aeroporto de Congonhas fazia parte de um teste maior, pois a finalidade era levar para Curitiba e cumprir um mandado de prisão


provisória.   “Vamos unir esforços, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário, e os setores produtivos, porque é inadmissível que um país como o Brasil tenha milhões e milhões de


desempregados.” MICHEL TEMER, vice-presidente da República, ao não se referir diretamente ao depoimento de Lula ou ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas ao pregar a


união nacional. CHICO ALVES/DIVULGAÇÃO/ND O presidente estadual do PMDB, deputado Mauro Mariani, discursa durante o encontro da região Sul da sigla, em Porto Alegre, o lado de históricos


como Ibsen Pinheiro, Roberto Requião e Germano Rigotto COM VOZ SENSATA O encontro regional Sul do PMDB, em Porto Alegre, no último sábado, uma prévia a convenção nacional marcada para o dia


12, em Brasília, que deverá reeleger Michel Temer à presidência, serviu para que uma linha moderada pautasse os debates. O histórico Pedro Simon rebateu Lula e disse que, em vez de convocar


pessoas a defendê-lo, o certo é esperar que o Judiciário se manifeste, linha seguida por outros, como o explosivo igualmente histórico Roberto Requião, ex-governador do Paraná e atual


presidente do partido. O presidente do PMDB catarinense, Mauro Mariani (foto), pediu serenidade diante do atual quadro político, pois considera que “só o PMDB pode fazer isso”, depois que


Lula dividiu o país entre ricos e pobres e “convoca a militância para quase uma guerrilha”. A defesa maior foi o plano do partido Ponte para o Futuro. NO ATAQUE Vereador Cesar Faria (PSD),


investigado pela Operação Ave de Rapina, da Polícia Federal, em Florianópolis, não gostou da comparação feita pelo vereador Afrânio Boppré (PSOL). Para Faria, ter o ato dele de receber a


comunicação de que está sob investigação na Comissão de Ética da Câmara por quebra de decoro, junto com o vereador Marcos Aurélio Espíndola (PSD), o Badeko, relacionado à transformação do


deputado Eduardo Cunha (PMDB), que virou réu pelas mãos do Supremo, é injusto e discurso de palanque de Afrânio, em um ano eleitoral. ALIADOS PSD e PT estão muito mais próximos no Oeste de


Santa Catarina, do que com o PMDB. Entre as aproximações que devem permanecer estão Serra Alta, Flor do Sertão e Nova Itaberaba, prova de que, nos menores municípios, a crise e a situação


nacional têm pouca interferência nas composições.   PARA INCREMENTAR Secretário João Carlos Ecker (Infraestrutura) tem muitos planos à frente do Conselho Nacional de Trasportes, do qual, por


enquanto, é presidente em exercício. Ecker, que deve ser efetivado na próxima reunião, nesta quarta, em Brasília, propõe uma agenda positiva que envolva o debate sobre os gargalos para o


crescimento econômico: portos, aeroportos e ferrovias. PERTINENTE O momento é propício para valorizar as questões e fatores que levem ao desenvolvimento, objetivo do evento que o Grupo RIC,


em conjunto com o governo do Estado e a Assembleia Legislativa, promove, hoje, durante almoço na Federação das Indústrias, em Florianópolis. O presidente do Grupo RIC em Santa Catarina,


Marcello Petrelli; o jornalista Eduardo Oinegue, o presidente da Assembleia Gelson Merisio e o governador Raimundo Colombo, dirão a cerca de 150 lideranças empresariais e políticos que Santa


Catarina é mais do que um diferencial em termos de Brasil, o que credencia o Estado a superar qualquer crise e crescer mesmo que em tempos adversos.