Género ainda é "um fator diferenciador" na vida profissional

Género ainda é "um fator diferenciador" na vida profissional

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"A análise das competências por género revela diferenças significativas no perfil de talento entre homens e mulheres", constata o estudo realizado pela SHL Portugal, empresa que


faz consultoria na área dos recursos humanos e que faz parte do iGen -- Fórum Organizações para a Igualdade, que, sob coordenação da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego


(CITE), junta 73 entidades e empresas, entre as quais a Lusa. O Fórum iGen realizou hoje, no Museu do Dinheiro, a sua 37.ª sessão plenária, dedicada ao tema "As profissões têm género?


Barreiras, desafios e conquistas", no âmbito da qual foi apresentado o estudo "Talento jovem em Portugal", que analisou dados de mais de 600 jovens portugueses em início de


carreira. Carolina Gonçalves, uma das autoras do estudo, notou que as mulheres apresentam, em média, maior prontidão e potencial cognitivo (desde logo porque têm notas escolares mais altas


no secundário e estão em maior número no ensino superior). Também têm melhores resultados em competências como assumir responsabilidade, analisar informação, aprender rapidamente, gerar


novas ideias, adaptar-se à mudança e lidar com críticas e contratempos. "Estes dados não só reforçam a ideia de que as mulheres chegam bem preparadas ao mercado de trabalho, como também


convidam a uma reflexão mais alargada sobre como garantir que essa preparação se traduz em trajetórias profissionais equitativas", assinala o estudo. Ainda assim, contrapõe, "as


disparidades salariais de género e de representação de mulheres em posições de decisão continuam a ser uma realidade generalizada", bem como a ausência "significativa em cargos de


liderança". Estes resultados sublinham "a importância de criar condições estruturais desde o início da carreira que apoiem as mulheres jovens num percurso verdadeiramente


equitativo e sem barreiras invisíveis à sua evolução", sustenta o estudo. A SHL Portugal apela a que os resultados do estudo sirvam de "base para políticas mais informadas e justas


de desenvolvimento de talento" e questionem o sistema de ensino sobre eventuais abordagens "que motivem mais os jovens masculinos para a aprendizagem". Para tal, a empresa


deixa três sugestões às organizações: redefinir a competência, gerir talento com base em dados e reforçar a confiança e a agência das mulheres jovens. Acolhida pelo Banco de Portugal, membro


do Fórum iGen que tem conseguido ter paridade nas equipas técnicas, mas ainda não nos cargos de topo, a 37.ª sessão plenária do Fórum iGen ouviu ainda os testemunhos de cinco jovens em


áreas tradicionalmente identificadas com o outro sexo, como o futebol, a arbitragem e a aviação, no caso das raparigas, e a educação e a patinagem, no caso dos rapazes. Leia Também: Estudo


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