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"Apesar da neutralidade oficialmente proclamada por Belgrado, as empresas de defesa sérvias continuam a fornecer munições a Kyiv", declarou o SVR, em comunicado publicado no seu
site oficial. Segundo os serviços secretos russos, essas entregas estarão a ser dissimuladas através da utilização de "certificados falsos" que ocultam o destinatário final, com
passagem por países terceiros, nomeadamente membros da NATO como a República Checa, a Polónia e a Bulgária. No mesmo comunicado, o SVR acusou a indústria militar sérvia de lucrar com "o
sangue de povos irmãos eslavos" e recordou o apoio histórico da Rússia à Sérvia, incluindo durante a intervenção da NATO, em 1999. De acordo com os dados divulgados, já terão sido
enviados da Sérvia para a Ucrânia cerca de 100 mil obuses e um milhão de cartuchos para armas automáticas, sem que seja indicada uma data de início destas entregas. O SVR acusou nominalmente
as empresas sérvias Yugoimport SDPR, Zenitprom, Krusik, Sofag, Reyer DTI, Sloboda e Prvi Partizan de estarem envolvidas nestas exportações, alegando que o seu único objetivo é "matar e
mutilar soldados e civis russos". Estas acusações representam uma rara e dura crítica pública por parte de uma entidade oficial russa contra empresas sérvias, numa altura em que
Moscovo e Belgrado mantêm boas relações e destacam frequentemente os laços históricos entre as duas nações eslavas. O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, um dos poucos líderes europeus
que ainda mantém contacto direto com o Presidente russo, Vladimir Putin, reagiu às acusações afirmando ter discutido o assunto com Moscovo durante a sua visita de 09 de maio, por ocasião das
comemorações da vitória sobre a Alemanha nazi. "Criámos um grupo de trabalho com os nossos parceiros russos para apurar os factos", disse Vucic à televisão pública sérvia RTS. O
chefe de Estado sublinhou que a indústria de defesa do país "precisa de trabalhar" e emprega 24 mil pessoas, mas garantiu que irá ordenar a suspensão de contratos "sempre que
houver dúvidas quanto ao destino final" das encomendas. Não é a primeira vez que surgem suspeitas sobre o envolvimento da indústria de defesa sérvia em fornecimentos à Ucrânia, mas, até
hoje, Belgrado nunca confirmou nem negou totalmente essas alegações. A Sérvia tem-se recusado a aplicar sanções contra Moscovo desde o início da ofensiva russa em grande escala contra a
Ucrânia, em fevereiro de 2022, e anunciou, no início de 2024, a aquisição do sistema antidrone russo Repellent. Mais recentemente, no início de maio, Aleksandar Vucic voltou a reunir-se com
Vladimir Putin, a quem solicitou a continuação do fornecimento de gás russo a preços reduzidos. Leia Também: Ucrânia "pronta para próxima reunião" com a Rússia, mas tem um pedido