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As declarações de Grossi ocorreram durante uma conferência de imprensa no Cairo, antes de uma reunião tripartida com os chefes da diplomacia egípcia e iraniana, Badr Abelatty e Abbas
Araghchi, respetivamente. A reunião vai decorrer um dia depois da publicação de um relatório da agência da ONU de acordo com o qual o Irão aumentou a produção de urânio enriquecido a 60%,
próximo dos 90% necessários para fabricar armas atómicas. Na conferência de imprensa, Grossi defendeu o relatório, descrevendo o documento como imparcial. O Irão rejeitou as conclusões da
AIEA, qualificando-as como uma manobra política baseada em informações pouco fiáveis e enganadoras. O chefe da diplomacia do Egito apelou para uma solução pacífica, sublinhando que a região
do Médio Oriente "está farta" de crises. No sábado, o Irão avisou que vai retaliar se os países europeus usarem o relatório da AIEA para fins políticos. As conclusões da ONU foram
divulgadas numa altura em que Washington e Teerão mantêm conversações para tentarem chegar a um novo acordo sobre energia nuclear. No sábado, o ministro iraniano afirmou que tinha
"recebido elementos" de uma proposta dos Estados Unidos após cinco rondas de negociações mediadas por Omã. Hoje, Teerão instou os Estados Unidos a fornecerem garantias sobre o
levantamento das sanções que estão a afetar a economia do país. "Queremos garantias de que as sanções vão ser levantadas", afirmou o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail
Baghai. A França, o Reino Unido e a Alemanha são, juntamente com a Rússia e a República Popular da China, membros de um acordo de supervisão do programa nuclear iraniano datado de 2015. Os
Estados Unidos retiraram-se unilateralmente três anos depois da assinatura do tratado, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021). O Conselho de Governadores da AIEA
vai reunir-se de 09 a 13 de junho na Áustria, encontro trimestral durante qual vai ser analisada a atividade nuclear iraniana. Países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos e Israel,
Estado inimigo do Irão e considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente, disseram suspeitar que Teerão pretende adquirir armas nucleares. O Irão nega ter
ambições militares e insiste no direito ao acesso à energia nuclear civil, nomeadamente para fins energéticos, ao abrigo do Tratado de Não Proliferação (TNP) de que é signatário. Leia
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