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INICIATIVA É DO EX-MBL RUBINHO NUNES (UNIÃO) E MIRA TRABALHO FILANTRÓPICO DO RELIGIOSO REALIZADO NA CRACOLÂNDIA; PARLAMENTARES DE ESQUERDA CRIAM MOVIMENTO 'PROTEJAM O PADRE JÚLIO'
O vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) que deixou a agremiação em outubro de 2022, conseguiu o aval de seus colegas para
aprovar a criação da CPI das ONGs na Câmara paulistana. A iniciativa, que obteve 25 assinaturas, mira a atuação do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que realiza
trabalho filantrópico na Cracolândia, localizada na região central da capital. A expectativa é de que a comissão seja instalada no retorno do recesso, que termina em primeiro de fevereiro. A
informação foi inicialmente divulgada pelo jornal "A Folha de S.Paulo" e confirmada pelo GLOBO. * REAÇÃO: Arquidiocese de SP diz ver com 'perplexidade' articulação de
CPI * SORTUDOS? servidores do PT que acertaram quadra na Mega da Virada ganharam R$ 120 milhões em 2019 O requerimento inicial mira, principalmente, duas entidades que realizam trabalho
comunitário destinado à população de rua e aos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e no coletivo Craco Resiste. Nunes acusa o religioso de
fazer parcerias com elas. Ao GLOBO, o vereador disse receber "inúmeras denúncias" sobre a atuação de várias ONGs no Centro de São Paulo, que dão alimentos, mas não realizam o
acolhimento dos vulneráveis: — Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de
miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação. À "Folha de S. Paulo", Padre Júlio Lancellotti
negou qualquer relação com as entidades e afirmou não fazer mais parte da Bompar há 17 anos. No passado, o padre chegou a atuar enquanto conselheiro. — Elas são autônomas, têm diretorias,
técnicos, funcionários. A Câmara tem direito de fazer uma CPI, mas vai investigar e não vai me encontrar em nenhuma das duas. Esta não é a primeira vez que o vereador critica o padre
publicamente. Em dezembro, o convocou a prestar depoimento na Frente Parlamentar em Defesa do Centro, o que gerou críticas de políticos da esquerda como a presidente nacional do PT, Gleisi
Hoffmann. — As ONGs e demais cafetões da miséria vão ter que se explicar — afirmou Rubinho Nunes na ocasião. Nas redes sociais, a criação da CPI recebeu críticas de parlamentares e membros
da sociedade civil. Na manhã desta quarta-feira, o nome de padre Júlio chegou aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). O deputado federal Nilto Tatto (PT) foi um dos que
demonstrou insatisfação com a iniciativa e ainda alfinetou Rubinho Nunes: "Parece que a cidade de São Paulo não tem nenhum problema que mereça a atenção do vereador", escreveu em
seu perfil no X (antigo Twitter). Já Erika Hilton (PSOL-SP) disse ser um absurdo uma CPI para investigar ONGs que acolhem pessoas em situação vulnerável. "Tinha que ser obra dos mimados
e criados a danoninho do MBL", afirmou.