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REPRESENTANTES DE MOTOCICLISTAS SE REUNIRAM COM O PREFEITO. NO INÍCIO DA NOITE DESTA QUARTA-FEIRA, EM NOTA A PREFEITURA CONFIRMA QUE O PLANO PARA REDUZIR ACIDENTES SERÁ REVISTO Depois de
anunciar um Plano de Segurança Viária, há 12 dias, o prefeito Eduardo Paes se reuniu, nesta terça-feira no Palácio da Cidade, com representantes de motociclistas, e decidiu rever ações que
iriam entrar em vigor em junho e tinham por objetivo reduzir os acidentes com motos na cidade. A velocidade máxima de 60 quilômetros por hora para motos e a proibição de os veículos
trafegarem nas pistas centrais das avenidas Brasil, Presidente Vargas e Américas, previstas no projeto, não serão mais implantadas. No início da noite desta quarta-feira, em nota a
prefeitura confirma a revisão desses pontos do plano. * REGRAS PARA A ORLA: Paes recua sobre garrafas de vidro e música ao vivo nos quiosques * SEM FREIO: Dados do Corpo de Bombeiros revelam
que três de cada quatro acidentes de trânsito no Rio têm moto envolvida — Graças a Deus, caíram essas medidas. Informalmente, o prefeito tinha falado que compraria 150 radares exclusivos
para multar motocicletas. Mas caiu também a compra dos radares — afirma o presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro (AMO-RJ), Carlos Maggiolo, que participou do
encontro. A nota sobre as motos é lacônica. "Após reunião com a Federação de Moto Clubes, em 27/05, a Prefeitura do Rio irá revisar dois pontos do Plano de Segurança Viária. Os pontos
revisados são a regulamentação de limitação da velocidade máxima para as motocicletas nas vias da cidade em até 60 km/h e a proibição da circulação de motocicletas nas pistas centrais".
A nota não dá detalhes sobre a implantação de novas faixas para motos nem sobre parcerias com aplicativos para punir motociclistas infratores, previstas no plano. Este é o segundo recuo do
prefeito esta semana. Após uma série de críticas e protestos contra o decreto de ordenamento das praias que entra em vigor no domingo, Paes também se reuniu com barraqueiros e quiosqueiros
em dois encontros distintos nesta terça-feira. Entre os pontos discutidos, a prefeitura anunciou alterações na proposta inicial: a venda de bebidas em garrafas de vidro nos quiosques e a
música ao vivo estão liberadas novamente — agora com regras específicas. O uso de nomes nas barracas foi autorizado, desde que dentro de um padrão visual. AUMENTO DE ACIDENTES Na entrevista
em que anunciou o plano viário Paes citou dados sobre o aumento de acidentes na cidade e que, entre as vítimas, 69% são motociclistas. Disse ainda que, em 2024, a Secretaria municipal de
Saúde (SMS) prestou 19 mil atendimentos a vítimas de acidentes com motos, uma alta de 32% em relação ao ano anterior. Maggiolo havia encaminhado ofício para a prefeitura e a Câmara de
Vereadores pleiteando que as duas medidas mais polêmicas do plano fossem revogadas. Segundo ele, se o prefeito as mantivesse estaria promovendo “um verdadeiro carrossel da morte para o
motociclista”. — Se a intenção do prefeito era diminuir o número de acidentes, ocorreria o contrário com a proibição de as motos circularem nas pistas centrais das avenidas Brasil, das
Américas e Presidente Vargas. Ele estaria jogando o motociclista para a boca dos leões. O motociclista ficaria obrigado a andar ao lado de ônibus e caminhões, e ainda de automóveis que mudam
de faixa de rolamento querendo pegar retorno, além de entrar e de sair de posto de gasolina e de vias de acesso. Sem falar nos desníveis das pistas de rolamento. Tudo isso você vê nas
pistas laterais e não vê nas centrais — argumenta ele. O presidente da AMO-Rio acrescenta que a velocidade máxima de 60km para as motos também aumenta a gravidade dos acidentes: — Sou
habilitado há 42 anos. Eu me sinto mais seguro quando estou mais rápido que o carro. Você andando mais rápido do que o automóvel, chama a atenção do motorista. Ele passa a ver quem está
andando mais rápido do que ele. O motociclista andando mais rápido sai do ponto cego do retrovisor do carro, porque está ultrapassando. Se estabelecer a velocidade de 60km por hora para a
moto, o motociclista vai ficar no ponto cego do motorista e acaba sendo fechado. Da reunião, participou o presidente das CET-Rio, Luiz Eduardo Oliveira. Estiveram ainda presentes o
presidente do Salão Moto Brasil, Gustavo Lorenzo; Danilo Sacramento, do Podcast Trocando o Óleo; o presidente da Federação dos Moto Clubes do Rio de Janeiro, Humberto Montenegro; o advogado
Armando Souza; e o diretor do Sindimoto do Rio Alfredo Barbosa de Lima, que representa motoboys e mototaxistas. Alfredo Cartilha — como o dirigente do Sindimoto é conhecido, porque fez um
manual com normas de conduta de motociclistas para evitar acidentes — também se posicionou contra as medidas que seria implantadas pela prefeitura: — Todo mundo pede agilidade ao motoboy. O
prefeito poderia colocar 500 pardais que não iria adiantar. O motociclista saberia onde estão, reduzia nesses pontos e, depois, aceleraria. Além disso, se colocassem os motociclistas nas
pistas do canto, onde trafegam caminhões e ônibus, iriam matar muita gente. As pistas centrais são onde o trânsito é menos louco. PRAIA: MUDANÇAS No caso dos quiosques, Paes afirmou que a
música ao vivo será permitida novamente, mas sob um modelo de autorregulamentação. A Orla Rio ficará responsável pela fiscalização dos quiosques, que estarão sujeitos a multas entre R$ 1 mil
e R$ 2 mil em caso de descumprimento. Persistindo a infração, o sócio responsável pelo quiosque poderá ser substituído. O Decreto nº 56.072, publicado pela prefeitura em 16 de maio,
estabelece novas regras para o funcionamento de quiosques, barraqueiros e ambulantes nas praias do Rio. As medidas incluíam inicialmente a proibição de venda de bebidas em garrafas de vidro,
a retirada de bandeiras e nomes das barracas, além da proibição de música ao vivo ou amplificada nos quiosques. Segundo a prefeitura, o objetivo é organizar e padronizar a ocupação da orla,
garantindo mais segurança e conforto para os frequentadores.