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Como será o cotidiano de um bairro periférico de São Paulo daqui a 30 anos? A tecnologia dos drones (pequenos veículos aéreos não tripulados) e das impressoras 3D chegará à periferia. Para o
bem e para o mal. É este o olhar do diretor Cisma nos clipes filmados por ele para as músicas Duas de Cinco e Cóccix-ência, singles lançados em 2013 pelo cantor e compositor Criolo. Os
dois vídeos, vistos pelo Estado em primeira mão, serão lançados amanhã e foram feitos em sequência, como se fossem um curta-metragem. Na favela futurística, jovens ainda deixarão a sala de
aula seduzidos pelo caminho mais curto da violência e do tráfico de drogas. Situação retratada nas duas canções de Criolo: "Um governo que quer acabar com o crack/ Mas não tem moral
pra vetar comercial de cerveja" (Duas de Cinco) e "O que não é seriado da Fox/ É playboy se acabando no oxi" (Cóccix-ência). "A desgraça consegue ser mais rápida que a
tecnologia. Agora cada bairro tem a própria Cracolândia em sua porta. Pensamos em 2044, mas isso chegou em três meses", diz Criolo. Fazendo shows com os repertórios de Nó na Orelha
(2011) e Ainda Há Tempo (2006), Criolo completa 25 anos de uma carreira que teve projeção nacional há quatro. E segue compondo – para a reportagem, canta algumas inéditas, entre elas uma
marchinha, uma canção com sotaque de fado, um forró e um samba que estará no próximo disco de Tom Zé. Sem pressa de lançar o próximo álbum, Criolo atualmente trabalha num texto que
apresentará no Festival de Poesia de Berlim, em junho. "Criação de arte não está ligada a uma esteira competitiva em que quanto mais você aparecer, mais louros você colher, maior vai
ser o seu cachê", comenta.