Play all audios:
"A SOCIEDADE EM GERAL FICOU MAIS ALERTA PARA A NECESSIDADE DE HAVER INVESTIMENTO NAS REDES", AFIRMOU JOSÉ FERRARI CARETO EM ENTREVISTA, SUBLINHANDO QUE É "ARRISCADO DEIXAR
CAIR AS REDES E NÃO FAZER INVESTIMENTO". A 28 de fevereiro um apagão deixou milhões de portugueses sem eletricidade e sem redes de comunicações durante várias horas naquela que é
apontada como uma das maiores falhas do sistema elétrico na Europa e a falha tem colocado em causa a resiliência do sistema. PARA GARANTIR A MODERNIZAÇÃO E ROBUSTEZ DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
ELÉTRICA NACIONAL, A E-REDES PROPÔS UM PLANO DE INVESTIMENTO DE 1,6 MIL MILHÕES DE EUROS, ENTRE 2026 E 2030, em infraestruturas de alta e média tensão, já aprovado pelo regulador (ERSE)
estando a aguardar a decisão final do Governo. SÓ PARA 2025, O INVESTIMENTO PREVISTO É DE 430 MILHÕES DE EUROS, E AQUI TAMBÉM ESTÃO INCLUÍDAS AS INFRAESTRUTURAS DE BAIXA TENSÃO QUE SERVEM OS
CLIENTES DOMÉSTICOS. Mas, reforça o presidente, este é um processo que exige tempo e planeamento: "Não são coisas que compramos no supermercado ou que podemos estalar os dedos e temos
estes investimentos feitos. É preciso definir planos, fazer análise de rede, contratar mão de obra, executar e comissionar o investimento." SOBRE O IMPACTO NA FATURA DA ELETRICIDADE, O
PRESIDENTE DA E-REDES - QUE FALOU NO ÂMBITO DO DIA MUNDIAL DA ENERGIA, QUE SE ASSINALOU NA QUINTA-FEIRA - GARANTE QUE OS EFEITOS SERÃO RESIDUAIS. "A avaliação que fizemos foi que o
impacto nas tarifas era perto de zero. A PRÓPRIA ERSE APONTA PARA UM IMPACTO DE 0,7% NAS TARIFAS FINAIS, E EM TERMOS REAIS, COM O AUMENTO DO CONSUMO, ESSE VALOR SERÁ ULTRAPASSADO",
assegurou. Além disso, lembrou que o custo da distribuição representa apenas 10% da fatura elétrica dos consumidores, sendo o grosso destinado a produção, impostos e outros encargos. NA
ÓTICA DA EMPRESA, É TAMBÉM ESSENCIAL GARANTIR UMA REMUNERAÇÃO ATRATIVA PARA OS INVESTIMENTOS. "Todos estes investimentos são financiados pela empresa e depois pagos, aos bocadinhos,
pela tarifa [de acesso]. Mas para isso é preciso garantir uma remuneração adequada do capital", explicou, acrescentando que a rentabilidade líquida em Portugal é atualmente inferior à
verificada em Espanha. O presidente da E-Redes destacou ainda o esforço feito pela empresa nos últimos anos para aumentar a eficiência e reduzir custos, nomeadamente com a digitalização da
rede e a conclusão do 'roll-out' dos contadores inteligentes. ENTRE 2020 E 2024, O INVESTIMENTO DA E-REDES AUMENTOU 50%, REFLETINDO O IMPACTO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA, DA MOBILIDADE
ELÉTRICA E DA LIGAÇÃO DE GERAÇÃO RENOVÁVEL À REDE. "Hoje, cerca de 75% da geração distribuída está ligada à nossa rede", sublinhou. JOSÉ FERRARI CARETO AFIRMOU QUE A PRIMEIRA
LIÇÃO DO APAGÃO É QUE "NÃO SE PODE TOMAR NADA POR GARANTIDO", apesar do elevado desempenho habitual das redes, que funcionam com níveis próximos dos "99,9999%, há sempre uns 0
,00001 em que as coisas podem falhar". O episódio demonstrou que falhas externas podem sempre ocorrer e que é essencial manter processos disciplinados, rotinados e pré-definidos para
uma resposta rápida e eficaz. "Tivemos uma atuação muito disciplinada e rápida", comentou. "A EMPRESA SEGUIU À RISCA O GUIÃO E COMPORTOU-SE COMO ESPERADO, tendo conseguido
repor a eletricidade num espaço de tempo que, se olharmos para o 'benchmarking' [comparação] internacional, acaba por ser bastante bom", acrescentou. Outra lição considerada
importante pelo responsável é O RECONHECIMENTO DO ENVELHECIMENTO NATURAL DAS INFRAESTRUTURAS EM CONTRASTE COM O AUMENTO CONTÍNUO DAS NECESSIDADES DA SOCIEDADE E DA ECONOMIA, CRIANDO UM
"GAP" ENTRE A JUVENTUDE DA REDE E SUAS EXIGÊNCIAS. Para resolver essa lacuna, defende ser fundamental aumentar a resiliência, a digitalização e substituir equipamentos obsoletos,
assegurando uma rede mais moderna, flexível e robusta.