Júri nos eua investiga ex-clientes do credit suisse, incluindo um brasileiro, por suposta fraude fiscal

Júri nos eua investiga ex-clientes do credit suisse, incluindo um brasileiro, por suposta fraude fiscal

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PROMOTORES FISCAIS INVESTIGAM ESSES CASOS ENQUANTO O DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA AVERIGUA SE O CREDIT, AGORA CONTROLADO PELO UBS, TERIA AJUDADO AMERICANOS A OCULTAR BENS DO INTERNAL REVENUE


SERVICE, A RECEITA FEDERAL DOS EUA Ex-clientes do Credit Suisse estão sendo investigados por um júri federal em Miami, para determinar se estavam envolvidos em suposta fraude fiscal,


ampliando uma investigação de longa data sobre o banco nos EUA. Os clientes incluem um empresário brasileiro cuja residência em Fisher Island, na Flórida, sofreu uma batida de agentes do


Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal americana, em 2021, e uma família colombiana citada em um relatório do Senado americano no ano passado sobre o papel do banco em supostos


esquemas de evasão fiscal nos EUA, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Os promotores fiscais dos EUA investigam esses casos enquanto o Departamento de Justiça dos EUA averigua se o


Credit Suisse, agora controlado pelo UBS, teria ajudado americanos a ocultar bens do IRS, apesar de o banco ter prometido acabar com a prática há uma década, disseram as pessoas. O Credit


Suisse se declarou culpado em 2014, pagou US$ 2,6 bilhões, e admitiu ter ajudado milhares de americanos a evadir impostos. No ano passado, um relatório da Comissão de Finanças do Senado dos


EUA disse que o banco continuou a ajudar americanos a evitar impostos federais, detalhou “violações graves” de seu acordo judicial, incluindo ajudar a família a esconder US$ 100 milhões do


IRS. Isso poderia custar ao banco US$ 1 bilhão ou mais em multas, disseram as pessoas. O UBS tentar resolver este passivo jurídico que assumiu quando adquiriu o Credit Suisse no ano passado.


Os advogados do UBS trabalharam durante o ano passado para persuadir o Departamento de Justiça a resolver o assunto no âmbito civil, em vez de declarar uma violação do acordo judicial,


disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas porque o processo é confidencial. Um porta-voz do UBS não quis comentar o inquérito do júri. Em comunicado ao mercado no mês passado,


o banco afirmou: “O Credit Suisse forneceu informações às autoridades dos EUA sobre ativos americanos potencialmente não declarados detidos por clientes do Credit Suisse desde o acordo


judicial de maio de 2014. O Credit Suisse continua a cooperar com as autoridades.” Nos EUA, um chamado “grand jury” avalia evidências apresentadas por procuradores para determinar se


suspeitos devem ser julgados em tribunal. O atual inquérito foca na forma como os contribuintes podem ter recorrido a familiares ou amigos próximos com passaportes de outros países para


ocultar contas no exterior do IRS, disseram as pessoas. Os promotores investigam se o banco ajudou na prática ou deveria tê-la detectado. Segundo o acordo judicial, o Credit Suisse deve


identificar contas não declaradas ao IRS. Desde 2014, o banco identificou “milhares de contas anteriormente não declaradas” avaliadas em mais de US$ 1,3 bilhão, segundo a comissão do Senado.


Isso incluía cerca de duas dúzias com contas de US$ 20 milhões ou mais, e uma delas envolvia um contribuinte americano, Dan Horsky, que se declarou culpado em 2016 por ocultar US$ 220


milhões em ativos. A vice-procuradora-geral Lisa Monaco tem prometido reprimir empresas que repetidamente se envolvem em práticas criminosas. Um advogado que representa o empresário de


Fisher Island e um dos familiares colombianos não quiseram comentar. O Departamento de Justiça também não comentou. O relatório de Finanças do Senado dos EUA, divulgado em março de 2023,


centrou-se em parte na forma como o Credit Suisse lida com “grandes contas não declaradas” detidas pela família de cidadãos com dupla cidadania americana e latino-americana. Em 2013, o


Credit Suisse teria transferido quase US$ 100 milhões em oito contas familiares para bancos na Suíça, Israel e Andorra. Vários outros bancos suíços — Union Bancaire Privée, PKB Privatebank e


Bank Leumi – receberam fundos não declarados da família em 2012 e 2013, disse a comissão. O Credit Suisse deveria divulgar as transferências para os EUA, mas teria esperado anos para fazer


isso. O banco revelou uma conta ao IRS em 2018 e só divulgou o restante em dezembro de 2021 – meses depois que denunciantes informaram comissão, o IRS e o Departamento de Justiça sobre elas,


disse o relatório. As contas familiares foram registradas com a cidadania latino-americana do titular, sem passaporte dos EUA, segundo o relatório. Mas o Credit Suisse disse à comissão que


os seus executivos visitaram a família em Miami antes de 2014. Eles participaram em reuniões anuais para clientes com patrimônio ultra elevado em locais como o Mandarin Hotel e o Capital


Grille. Um gerente do Credit Suisse era o chefe de private banking para América Latina e supervisionava vários funcionários do banco indiciados por ajudar clientes nos EUA a manter contas


offshore secretas para evadir impostos, segundo o relatório. Ao trabalhar com a comissão, o Credit Suisse examinou o papel de 13 funcionários que trabalhavam com as contas da família. Onze


já partiram. Nenhuma foi “encerrada devido a esta conduta porque Credit Suisse só detectou a existência dessas contas no final de 2021”, afirma o relatório. A omissão do banco em agir


“permitiu que o que parece ser uma evasão fiscal potencialmente criminosa por parte de um cliente passasse despercebida durante quase uma década”, segundo o relatório.