Caso braskem: a tensa reunião entre lula, renan e lira sobre o drama em alagoas

Caso braskem: a tensa reunião entre lula, renan e lira sobre o drama em alagoas

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A reunião convocada pelo presidente Lula (PT) com líderes políticos de Alagoas para discutir a crise socioambiental em Maceió foi marcada por momentos de tensão e terminou sem soluções objetivas, apurou CARTACAPITAL com participantes do encontro. Esta foi a primeira vez que os grupos liderados pelo senador Renan Calheiros (MDB) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), rivais há décadas no estado, sentaram-se à mesa para tratar do rompimento no último domingo de uma mina de sal-gema aberta pela Braskem. A situação, porém, não é recente. Os primeiros impactos da exploração foram sentidos em 2018. A atividade, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil, foi responsável pela formação de crateras subterrâneas, que abriram rachaduras em ruas, prédios e casas. O desastre deixou ao menos 60 mil desabrigados. O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (apadrinhado de Lira), e o governador Paulo Dantas (alçado ao cargo com o apoio do clã Calheiros) também estiveram no encontro. Interlocutores afirmaram que o momento de maior tensão aconteceu enquanto Dantas lia passagens do acordo bilionário firmado entre a prefeitura e a petroquímica – um dos trechos mencionados pelo político, que empurra a obrigação de reparar os danos causados pela mineração ao Executivo municipal, teria acirrado os ânimos. Com os nervos à flor da pele, JHC interrompeu o governador e defendeu o acordo, dizendo ser impossível recuar na indenização de 1,7 bilhão de reais, segundo relatos. Do outro lado da mesa, Calheiros chamava a negociação de “criminosa”, sob o argumento de que o governo estadual e a população não foram consultados durante as tratativas. Lula precisou intervir, mas a troca de hostilidades se repetiu em diversos momentos da reunião. Durante sua participação, o presidente disse que pretende atuar como um interlocutor dos grupos e pediu um “pacto de governança”. Apesar dos apelos para visitar as áreas atingidas pela tragédia ambiental, Lula indicou a auxiliares, em conversas reservadas após o encontro, que só irá a Maceió quando cessar o conflito entre os clãs Calheiros e Lira. “O presidente tentou colocar panos quentes, mas viu a gravidade do assunto Braskem e os reflexos da polarização política em Alagoas”, afirmou um ministro a CARTACAPITAL, sob reserva. Participantes da reunião também avaliam que a iniciativa de Lula indica a disposição do governo federal de amparar as famílias prejudicadas pelo afundamento do solo. “Para isso é necessário também que a prefeitura e o estado atuem para priorizar as pessoas envolvidas nesse desastre, que perderam as casas e os sonhos que construíram nas últimas décadas”, pontua o deputado federal Paulão (PT-AL). Depois da reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse a jornalistas que novas conversas sobre o assunto devem acontecer sob a mediação de Lula – ele, porém, evitou definir uma data. A bancada alagoana no Congresso e representantes da petroquímica devem participar dos próximos encontros, apurou a reportagem. A agenda desta terça ocorreu à luz da instalação da CPI da Braskem no Senado, marcada para esta quarta-feira 13. O colegiado contará com 11 titulares e sete suplentes. Durante a reunião, Lula teria manifestado preocupação com a criação da comissão, porque a investigação parlamentar poderia elevar a tensão entre os grupos de Lira e de Calheiros – no fundo, o temor é que a briga respingue na tramitação de projetos importantes para o governo.

A reunião convocada pelo presidente Lula (PT) com líderes políticos de Alagoas para discutir a crise socioambiental em Maceió foi marcada por momentos de tensão e terminou sem soluções


objetivas, apurou CARTACAPITAL com participantes do encontro. Esta foi a primeira vez que os grupos liderados pelo senador Renan Calheiros (MDB) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira


(PP), rivais há décadas no estado, sentaram-se à mesa para tratar do rompimento no último domingo de uma mina de sal-gema aberta pela Braskem. A situação, porém, não é recente. Os primeiros


impactos da exploração foram sentidos em 2018. A atividade, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil, foi responsável pela formação de crateras subterrâneas, que abriram rachaduras em


ruas, prédios e casas. O desastre deixou ao menos 60 mil desabrigados. O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (apadrinhado de Lira), e o governador Paulo Dantas (alçado ao cargo com o


apoio do clã Calheiros) também estiveram no encontro. Interlocutores afirmaram que o momento de maior tensão aconteceu enquanto Dantas lia passagens do acordo bilionário firmado entre a


prefeitura e a petroquímica – um dos trechos mencionados pelo político, que empurra a obrigação de reparar os danos causados pela mineração ao Executivo municipal, teria acirrado os ânimos.


Com os nervos à flor da pele, JHC interrompeu o governador e defendeu o acordo, dizendo ser impossível recuar na indenização de 1,7 bilhão de reais, segundo relatos. Do outro lado da mesa,


Calheiros chamava a negociação de “criminosa”, sob o argumento de que o governo estadual e a população não foram consultados durante as tratativas. Lula precisou intervir, mas a troca de


hostilidades se repetiu em diversos momentos da reunião. Durante sua participação, o presidente disse que pretende atuar como um interlocutor dos grupos e pediu um “pacto de governança”.


Apesar dos apelos para visitar as áreas atingidas pela tragédia ambiental, Lula indicou a auxiliares, em conversas reservadas após o encontro, que só irá a Maceió quando cessar o conflito


entre os clãs Calheiros e Lira. “O presidente tentou colocar panos quentes, mas viu a gravidade do assunto Braskem e os reflexos da polarização política em Alagoas”, afirmou um ministro a 


CARTACAPITAL, sob reserva. Participantes da reunião também avaliam que a iniciativa de Lula indica a disposição do governo federal de amparar as famílias prejudicadas pelo afundamento do


solo. “Para isso é necessário também que a prefeitura e o estado atuem para priorizar as pessoas envolvidas nesse desastre, que perderam as casas e os sonhos que construíram nas últimas


décadas”, pontua o deputado federal Paulão (PT-AL). Depois da reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse a jornalistas que novas conversas sobre o assunto devem acontecer sob a


mediação de Lula – ele, porém, evitou definir uma data. A bancada alagoana no Congresso e representantes da petroquímica devem participar dos próximos encontros, apurou a reportagem. A


agenda desta terça ocorreu à luz da instalação da CPI da Braskem no Senado, marcada para esta quarta-feira 13. O colegiado contará com 11 titulares e sete suplentes. Durante a reunião, Lula


teria manifestado preocupação com a criação da comissão, porque a investigação parlamentar poderia elevar a tensão entre os grupos de Lira e de Calheiros – no fundo, o temor é que a briga


respingue na tramitação de projetos importantes para o governo.