Vendaval agrava crise da banana

Vendaval agrava crise da banana

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Guaratuba – Maior produtora de banana do Paraná, a cidade de Guaratuba, no litoral, vive uma crise sem solução à vista. O preço do produto caiu muito desde o ano passado, uma doença que


afeta a produtividade foi detectada, nova regra do governo federal exige diversos investimentos para se transportar banana para outros estados e o vendaval que passou na última semana pelo


litoral derrubou boa parte do bananal. O presidente da Associação Pró-Agricultura Sustentável de Guaratuba, Ricardo Valente, diz que entre todos os problemas, a queda do preço é o que mais


atinge os 180 produtores afiliados. "Estamos pagando para trabalhar", reclama. O preço da banana está estacionado há cerca de um ano em R$ 2 a caixa, que varia de 20 a 23 quilos,


enquanto o preço médio histórico é de US$ 2, cerca de R$ 4,70 hoje. Segundo os agricultores, barreiras administrativas e fitossanitárias impostas pela Argentina para importação da fruta


fizeram com que os produtores de Santa Catarina, que exportam cerca de 60% da produção para o país vizinho, se voltassem para o mercado interno. "Esse é um dos principais motivos da


redução de preços", explica Valente. Ele afirma também que o preço no mercado externo teve quedas significativas e que os atacadistas e supermercados brasileiros não repassaram ao


consumidor as baixas. "Houve uma preferência pela manutenção do preço, o que não só limitou o consumo do produto, como gerou um excesso de oferta", reclama Valente. Outro fator


importante para a queda do preço foi a identificação no estado da sigatoka negra, praga que diminui a produtividade do bananal. A doença atinge as folhas das plantas e, se não controlada,


impede que o fruto cresça. "É importante ressaltar que a praga não atinge a qualidade do produto. Não há nenhuma implicação quanto ao consumo", lembra o técnico da Emater Amílcar


Santos, responsável pelo monitoramento do bananal da região. Segundo os produtores, a produtividade não chegou a ser atingida porque o clima ameno da região e o controle feito pela


associação local, em parceria com a Emater e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab), impediram a proliferação da doença. O monitoramento ocorre semanalmente e técnicos


das instituições informam aos produtores a hora certa de pulverizar o bananal. "Com esse acompanhamento reduzimos a aplicação de produtos químicos e racionalizamos a pulverização",


diz Santos, ressaltando que a doença está completamente controlada. A zona rural de Guaratuba reúne cerca de 200 produtores, o que gera uma colheita de mais de 80 mil toneladas por ano. Ao


todo, 2 mil pessoas trabalham diretamente nos bananais, que ocupam uma área de 3 mil hectares. A região é destaque também pela média de produtividade – 30 toneladas por hectare, bastante


superior a de outras cidades do litoral, como Guaraqueçaba, Morretes e Antonina, onde a produção média é de 8 toneladas por hectare.