Visão empresarial garante boas oportunidades na copa

Visão empresarial garante boas oportunidades na copa

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Apesar de o impacto macroeconômico da Copa do Mundo no Brasil ter sido superestimado pelo governo, empresários locais encontraram no evento oportunidades para expansão e diversificação dos


negócios. Além de lucros maiores no curto prazo, eles comemoram o famoso legado do Mundial nos seus empreendimentos, com capacitação de funcionários e abertura de novos mercados. Operadores


turísticos, bares e artesãos estão entre alguns dos vencedores da competição, mesmo antes de ela começar. INFOGRÁFICO: Veja dados sobre as reservas em hotéis para a Copa Um dos


empreendedores foi o engenheiro Oswaldo Soares. Fornecedor de peças de concreto, como blocos para meio-fio, ele viu nas obras de mobilidade urbana da Copa uma chance de incrementar sua


renda. "Desde 2012, fechei quatro contratos que triplicaram o faturamento da minha empresa. Hoje tenho 50% mais funcionários e um mix de produtos muito maior", comemora. A


conquista de operações vantajosas também parte da visão de empreendedores que aproveitaram o evento para atrair clientes incomuns. O diretor comercial da operadora de turismo BWT, Adonai


Arruda Filho, afirma que apostou nos clientes mais improváveis para expandir a atuação da empresa. "Consegui vários clientes na Colômbia e na Bolívia, país que sequer se classificou


para a Copa do Mundo. Além de incrementar as vendas durante o torneio, abri mercado para o futuro", conta. Arruda lembra que fechou os negócios ao visitar os países em eventos para


promover a competição no Brasil e que a sua empresa era a única operadora turística no local – por outro lado, em uma feira na Alemanha, mais de 60 operadores brasileiros disputavam os


clientes locais. "Os sulamericanos são apaixonados por futebol, mas nem todos os empresários apostaram nestes mercados", completa o executivo da BWT. PÉS NO CHÃO Os empreendedores


que estão em boas condições de lucrar com a Copa são aqueles que, em sua maioria, foram mais realistas na hora de estimar os retornos que a competição poderia render. "Há três ou quatro


anos, a expectativa era diferente", afirma o coordenador do Programa Sebrae 2014 no Paraná, Aldo Carvalho. "Com as manifestações e atrasos nas obras, os empresários tiveram uma


melhor dimensão para a Copa do Mundo e passaram a se planejar com mais cautela. Esta também sempre foi uma preocupação ao incentivar os empreendedores", explica. Em 2011, o Sebrae


iniciou um programa para micro e pequenas empresas que quisessem aproveitar os 500 potenciais de negócios nas áreas da construção civil, tecnologia da informação, comércio, vestuário,


agronegócio e turismo para o evento. Cerca de 1,2 mil empresas participaram do projeto. "Tivemos uma boa adesão e resultados excelentes. A produção de souvenires com a identidade de


Curitiba foi acelerada por causa desse projeto, por exemplo. Além disso, os empresários capacitaram seus funcionários e melhoraram os serviços prestados", afirma Carvalho. HOTÉIS TÊM


RESERVAS PARA 56% DOS LEITOS Faltando 20 dias para o início da Copa do Mundo em Curitiba, os hotéis da cidade ainda registram uma ocupação abaixo da média histórica. Enquanto os


estabelecimentos contam com uma lotação acima dos 60% ao longo do ano, as redes locais estão com apenas 56% dos quartos reservados para o período dos jogos. Os dados são do Fórum dos


Operadores Hoteleiros do Brasil. Referência no turismo de negócios, a capital paranaense vê um cenário ainda mais frustrante quando comparado aos meses em que o setor geralmente fica


aquecido na cidade. Em outubro do ano passado, por exemplo, a ocupação ultrapassou os 80% por causa de diversos eventos que foram realizados na região. Os números modestos são justificáveis:


a cidade vai ser a sede que menos receberá turistas. De acordo com o Ministério do Turismo, Curitiba será o destino de 26 mil estrangeiros e 137 mil brasileiros. Cuiabá, a penúltima


colocada no ranking, vai receber 8 mil visitantes a mais. PASSAGENS As companhias aéreas também estão com um índice de reservas mais baixo do que a expectativa para os dias de jogos. Em


função disso, elas promovem uma série de promoções. O trecho entre Curitiba e Brasília, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 110. Em outros períodos, a passagem não sai por menos de R$


400. O preço dos bilhetes vai no sentido contrário do que se esperava que seria a "inflação da Copa". Alguns setores, inclusive, seguram o aumento dos preços para o período que


sucede o evento. O mais emblemático deles é a manutenção dos preços da cerveja e televisores. As grandes empresas do setor de bebidas conseguiram convencer o governo a reajustar o imposto


sobre a cerveja somente depois da competição. Já as fabricantes de tevês preveem um aumento de 20% nas vendas – o que permite que os preços dos aparelhos até caia no período.