Play all audios:
O Ministério das Relações Exteriores russo convocou nesta quinta-feira (7) a embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynn Tracy, para exigir que cesse a cooperação com organizações
americanas declaradas "indesejáveis" no país, com risco até de expulsão de diplomatas americanos. “A embaixadora recebeu uma nota oficial com a exigência de cessar qualquer
colaboração com as atividades das ONGs citadas”, informou a pasta de Exteriores russa em comunicado. Moscou referia-se a organizações como o Conselho Americano de Educação e o Instituto de
Educação Internacional, que as autoridades locais acusam de promover programas “anti-russos” com o apoio da legação diplomática. Esses projetos “visam recrutar ‘agentes de influência’ sob o
pretexto de intercâmbios educativos e culturais”, acrescentou a nota do ministério russo. Outra exigência de Moscou repassada à embaixadora americana foi a retirada do site oficial e das
redes sociais da embaixada a lista dos projetos dessas organizações, “destinados a promover comportamentos e valores alheios à sociedade russa”. Se continuar, tal colaboração “será
considerada uma violação da lei russa”, advertiu o comunicado. "As tentativas de ingerência nos assuntos internos da Federação Russa, incluindo ações subversivas e a disseminação de
desinformação no âmbito das eleições e da operação militar especial, serão reprimidas de maneira dura e firme, até o ponto da expulsão com o estatuto de 'persona non grata' dos
funcionários da embaixada dos EUA envolvidos em tais ações", ameaçou Moscou. Nas últimas semanas, a Rússia acusou diplomatas ocidentais de extrapolarem suas atividades, como quando
compareceram ao funeral do líder opositor Alexei Navalny. O "recado" de Moscou ocorre uma semana antes das eleições presidenciais de 15 a 17 de março, nas quais o atual chefe do
Kremlin, Vladimir Putin, concorre para se manter no poder por mais um mandato depois de mais de 20 décadas no cargo. RÚSSIA AUMENTA REPRESSÃO CONTRA OPOSITORES O governo de Putin tem
intensificado a perseguição política a opositores, principalmente nos meses que antecedem o pleito presidencial. Além de inviabilizar a candidatura de adversários, como Boris Nadezhdin e
Yekaterina Duntsova, contrários à invasão na Ucrânia, o Kremlin iniciou uma corrida contra críticos que podem influenciar na decisão dos eleitores russos na próxima semana. Os exemplos mais
recentes de repressão após a morte de Alexei Navalny, o líder opositor de Putin, foram a condenação do ganhador do Nobel da Paz, o veterano ativista de Direitos Humanos Oleg Orlov; e a
inclusão do enxadrista exilado nos EUA Garry Kasparov, campeão mundial entre 1985 e 2000, na lista de extremistas e terroristas. Em dezembro do ano passado, a Rússia incluiu na mesma lista
Boris Akunin, um dos escritores contemporâneos mais lidos no país e altamente crítico da guerra na Ucrânia. VEJA TAMBÉM: