Criação de geoparque pode estimular a economia e o conhecimento sobre arqueologia no paraná

Criação de geoparque pode estimular a economia e o conhecimento sobre arqueologia no paraná

Play all audios:

Loading...

Troncos petrificados da era Paleozóica, com mais de 250 milhões de anos; rochas magmáticas da época da formação do Oceano Atlântico; afloramentos de antigos desertos que formam o Aquífero


Guarani e rochas sedimentares que retratam mares antigos. Todos esses achados arqueológicos relevantes estão em Prudentópolis, cidade na região centro-sul do Paraná. Recebas as principais


notícias do Paraná por WhatsApp O território do município, com 2.237 km², além de ter uma grande relevância geológica, possui uma rica biodiversidade e patrimônios culturais. Conhecida como


"TERRA DAS CACHOEIRAS", a cidade abriga a maior comunidade ucraniana do Brasil e tem estudos sobre prováveis casas indígenas da tribo caingangue. É lá também que se desenvolveram


os faxinais, sistema camponês de uso sustentável e compartilhado dos recursos naturais. Riqueza que uniu órgãos diversos para a criação do primeiro GEOPARQUE DO PARANÁ. O projeto,


desenvolvido pelo Instituto Água e Terra (IAT), tem parcerias com as secretarias estaduais da Cultura e do Turismo; com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e a Universidade


Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), além da prefeitura de Prudentópolis. Geólogo do IAT, Gil Francisco Piekarz destaca que um geoparque constitui uma atração turística internacional, com


finalidade de CUNHO CIENTÍFICO, por ser uma área de interesse arqueológico. As estratégias envolvem desenvolvimento sustentável por meio da divulgação desses bens naturais e imateriais.


“Geoparque é uma área delimitada que possui um patrimônio geológico de importância internacional. São locais que contam a evolução histórica do nosso planeta e de todos os seres que aqui


habitam ou que um dia habitaram”, explica. VEJA TAMBÉM: * De rios voadores à escassez: a água é protagonista em novo museu de Curitiba POTENCIAL DE PRUDENTÓPOLIS PARA O DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL O professor e coordenador do Museu de Ciências Naturais da UEPG, Antonio Liccardo, vê grandes chances para o desenvolvimento sustentável de Prudentópolis. Ele orienta dois


doutorandos com teses que ajudam a levantar dados sobre a região. "Este é o primeiro passo para pleitear na UNESCO. Em Prudentópolis são diferentes geossítios que formam o Patrimônio


Geológico. Assim como temos um Patrimônio Natural magnífico, com cânions e cachoeiras. A região tem uma cultura fortemente influenciada pelo ucranianos, bem como heranças indígenas. Queremos


valorizar as pessoas que habitam em Prudentópolis e fortalecer a sustentabilidade da região", informa o professor. VEJA TAMBÉM: * Feita há milhares de anos, primeira arte rupestre com


árvore-símbolo do Paraná é descoberta GEOPARQUES NO BRASIL E NO MUNDO Em abril de 2022, em Paris, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o GEOPARQUE DO SERIDÓ. A área, no Rio


Grande do Norte, com 2,8 mil km², abrange seis municípios. São certificados pela Unesco 177 GEOPARQUES EM 46 PAÍSES, três deles no Brasil. Além de Seridó, tem o geoparque do ARARIPE, no


Ceará, e o CAMINHOS DOS CÂNIONS DO SUL, no Rio Grande do Sul. "Foi um processo longo, de oito anos, depois que entregamos o dossiê com os critérios da Unesco. Recebemos avaliadores que


vieram ao Seridó para verificar o que apresentamos e agora temos a chancela da Unesco", conta o coordenador científico do geoparque Seridó, Marcos Nascimento. No território do Seridó, a


economia é estruturada pelo tripé PECUÁRIA, AGRICULTURA e MINERAÇÃO. De lá é extraído o tungstênio, metal usado amplamente na indústria para diversas finalidades, como a produção de


filamentos para lâmpadas elétricas. Logo após receber o título da Unesco, quem mora no Seridó sentiu os efeitos da criação do geoparque e, hoje, a possibilidade de uma nova fonte de renda é


realidade para muitos moradores. "Nós ouvimos muito o povo daqui e explicamos o conceito de geoparque. As pessoas foram percebendo a chance de trabalhar com isso. A venda do artesanato


aumentou, o setor de turismo está aquecido. São pousadas, restaurantes e guias de turismo que movimentam a economia local. Questões sociais, econômicas e ambientais melhoraram juntas a


partir disso", avalia o coordenador do Seridó. _Geoparque do Seridó abrange seis cidades do Rio Grande do Norte (Foto: Getson Luís/Divulgação)_ GEOPARQUES NÃO SÃO PARQUES Com a chancela


da Unesco, geoparques não são unidades de conservação, assim como os parques nacionais. Os geoparques são áreas geográficas únicas, com sítios geológicos de importância científica, que têm


a finalidade de divulgar atrativos arqueológicos, geológicos, ambientais e turísticos de cidades e regiões, propondo estratégias de desenvolvimento territorial sustentável a partir da


divulgação de bens materiais e imateriais. Há mais de 15 anos, foi proposta a criação de um geoparque na região dos Campos Gerais, também no Paraná. Entretanto, a proposta não avançou.


Muitas pessoas foram contrárias e a proposição não avançou. "Naquela época era diferente. Não foi um bom momento para tentar a implantação, as pessoas achavam que íamos interferir.


Houve uma interpretação errada da proposta por alguns setores e pessoas. No Brasil tínhamos apenas um geoparque. Hoje são três e tem mais vários candidatos, há um conhecimento mais amplo de


desenvolvimento sustentável. Ainda temos muitas possibilidades para a criação de locais como esses, basta unir esforços", ressalta Antônio Liccardo, professor da UEPG. VEJA TAMBÉM: