Atraso de verba federal emperra prevenção a desastres naturais no pr

Atraso de verba federal emperra prevenção a desastres naturais no pr

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Lago de amortecimento de cheias em Laranjeiras do Sul Em 2012, o Paraná teve um número recorde de desastres naturais registrados. Foram 513 ocorrências ao longo do ano, o número mais alto


desde a implantação do sistema de notificação on-line da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Paraná (Cedec), em 2007. O resultado está diretamente relacionado à estiagem – um problema


que, apesar de ter afetado 156 municípios (de um total de 399) e 1,5 milhão de pessoas, não foi contemplado com recursos federais para ações de enfrentamento e prevenção. Em 12 de janeiro do


ano passado, o governo federal anunciou o repasse de R$ 10 milhões para cada um dos três estados do Sul, todos afetados pela estiagem. Rio Grande do Sul e Santa Catarina já receberam a


verba; o Paraná ainda não. A reportagem ouviu três versões sobre o assunto: o Ministério da Integração Nacional inicialmente afirmou que o governo do estado decidiu pulverizar os recursos


entre os municípios, e que esses não enviaram os projetos. A Cedec, entretanto, informou que protocolou um plano de trabalho estadual no ministério em 24 de maio de 2012, ainda sem resposta.


Questionado sobre esse protocolo, o ministério informou que os convênios com os municípios "estão em andamento", e que os R$ 10 milhões prometidos no ano passado serão pagos. De


acordo com o tenente João Cláudio Schena, chefe do setor técnico da Cedec, o estado utilizaria os recursos federais para a construção de reservatórios de água em 81 municípios, de um total


de 137 que tiveram a situação de emergência decretada em 2012. Para as cidades que ficaram de fora do plano de trabalho enviado ao Ministério da Integração, o governo estadual se comprometeu


a repassar dinheiro. "A contrapartida do estado está acontecendo, mas a do governo federal não. É complicado, pois em uma parte dos municípios as obras estão sendo feitas, e em outra


parte não", diz Schena. Segundo ele, a estiagem costuma se repetir a cada dois ou três anos, por isso os problemas do ano passado não devem ocorrer novamente antes de 2014.


EMPOBRECIMENTO Mas a repetição cíclica da estiagem sem ações de enfrentamento e prevenção tem efeitos muito danosos, explica o professor Antônio Edésio Jungles, diretor-geral do Centro


Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped), da Universidade Federal de Santa Catarina. "O impacto é diluído, mas com efeitos sinistros muito grandes. Afeta toda a


economia das cidades e a vida das pessoas, geralmente pequenos agricultores", explica. Jungles destaca que até há recursos disponíveis, mas eles são destinados a obras sem o devido


planejamento. "Nós temos soluções, e há dinheiro, mas falta uma cultura de fazer bons projetos." RECURSO CONTRA ALAGAMENTO SAI A CONTA-GOTAS A prevenção aos problemas causados


pelas chuvas recebe mais dinheiro do que o destinado a minimizar o efeito da estiagem. Em 2012, o governo federal transferiu a estados e municípios R$ 604,8 milhões para obras de prevenção,


contenção de encostas e drenagem nas regiões metropolitanas. Desse montante, apenas 2,9% foram destinados ao Paraná (R$ 17,3 milhões), e somente sete municípios foram contemplados com


verbas: Curitiba, São José dos Pinhais, Maringá, Pato Branco, Laranjeiras do Sul e Chopinzinho. Os repasses são firmados por meio de convênios, que levam em conta a qualidade dos projetos


apresentados. "Mas observamos que também há um componente político para a liberação dessas verbas", afirma João Claudio Schena. Mesmo quem é contemplado precisa ter paciência até


conseguir todo o recurso. Laranjeiras do Sul (Centro-Oeste) recebeu no fim de 2012 R$ 650 mil do governo federal para executar as obras de um lago no bairro São Francisco. Mas esta é apenas


uma parcela do previsto: o valor total do convênio é de R$ 2,2 milhões, dos quais R$ 200 mil são de responsabilidade do município. Segundo Huneri Piovesan, secretário de Obras e Urba­­nismo,


o lago foi projetado para represar águas pluviais. Foram gastos até agora R$ 160 mil. _Colaborou Luiz Carlos da Cruz, de Cascavel._