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O desenvolvimento humano, econômico e social do país caminha em direção às cidades do interior. São os municípios com menos de 300 mil habitantes que lideram as estatísticas de geração de
emprego e renda, saúde e educação. De uma lista de 5.559, os cem primeiros são quase todos do interior. As exceções são Curitiba e Vitória, que ocupam a 72ª e a 82ª posições,
respectivamente. Indaiatuba, na região de Campinas (SP), é considerado o município que oferece os melhores indicadores de desenvolvimento humano. O extremo oposto é a Santa Brígida (BA), que
ficou na lanterna. No grupo dos cem, 87 são paulistas. E há apenas duas cidades do Rio: Macaé e Niterói. Esse é o retrato feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) na
primeira pesquisa Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estado de São Paulo se destacou, sobretudo, pelos indicadores de educação, que acabaram puxando para cima os resultados
de emprego e saúde. A pesquisa da Firjan comparou dados de 2005 com os de 2000. Em 2000, Vitória e Brasília eram as capitais entre os cem melhores colocados. Ou seja, 98 cidades do interior
também dominavam o ranking. "Quanto maior o nível de educação, maior o de saúde", avalia Antônio Ivo de Carvalho, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmando que os serviços de saúde estão melhorando nos municípios devido à descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda no grupo dos cem
melhores, o Nordeste ficou de fora. Mas, dos 500 piores municípios em desenvolvimento humano, 421 ficam na região. Na lista dos 500 melhores, Sul e Sudeste lideram. "Há indicativos
nessa pesquisa de que o desenvolvimento econômico tem tido um movimento de interiorização em direção a cidades pequenas e médias", avalia Sérgio Besserman, presidente do Instituto
Pereira Passos (IPP), que, como ex-presidente do IBGE, está convencido de que uma confirmação inquestionável dessa conclusão da Firjan apenas poderá ser possível em 2010, na divulgação do
próximo Censo. Embora a liderança da pesquisa tenha ficado com Indaiatuba, que tem índice de 0,9368 quanto mais perto de um, melhor , São Paulo ocupa a 109ª posição (com 0,8499). O Rio
está em 157ª lugar, com 0,7793. É que a melhora no índice observada nas capitais, de 16,6%, foi menos intensa do que a média dos municípios brasileiros, de 19,7%. "Curitiba e Vitória
estão se desenvolvendo e aprendendo com os erros de São Paulo e do Rio", avalia o economista André Urani, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). "As duas
apresentam um crescimento econômico associado a boas políticas sociais e de urbanismo. Mesmo tendo problemas típicos de capitais, as dificuldades nessas cidades são menos agudas em relação
ao resto do país." Apesar de a pesquisa indicar que o abismo entre Norte e Sul do país permanece, o IFDM detectou variações positivas nos municípios mais pobres, entre 2000 e 2005. O
maior salto foi registrado em Capitão Gervásio Oliveira (PI). "A principal explicação para os saltos registrados no Nordeste vem do Bolsa Família, que é responsável pelos avanços,
sobretudo em renda", explica Augusto Franco, diretor- geral da Firjan e responsável pela pesquisa. Curitiba Curitiba é a capital com melhor desempenho no IFDM nas áreas de saúde,
emprego e educação, com taxas favoráveis na diminuição da mortalidade infantil, no aumento dos trabalhadores com carteira e na menor taxa de analfabetismo do país. Na educação, Curitiba
ocupa a liderança no Indicador de Desenvolvimento da Educação Báica (Ideb) e possui a menor taxa de analfabetismo do país (3,38%). A secretária da Educação do município, Eleonora Fruet,
aposta na remuneração dos 15 mil professores da rede de ensino, pagando melhor que o estado. O salário inicial do professor para 20 horas de trabalho passou de R$ 611 em 2005 para R$ 902 em
julho de 2008. Além disso, o município criou em 2004 uma gratificação que varia de 10% a 30% para manter os professores. O Programa Mãe Curitibana, de 1999, garante consultas obstétricas e
acompanhamento pré-natal a 17 mil gestantes por ano. Com isso, a taxa de mortalidade caiu de 18 por mil nascidos vivos em 1999 para 10,5 por mil nascidos vivos em 2007.