Play all audios:
A decorrer de 11 a 27 de julho, o festival também conta com a Orquestra Liceu de Havana, que o encerrará, com a Folkwang Kammerorchester, na abertura, a Orquestra Gulbenkian, no primeiro fim
de semana, e a Orquestra Juvenil Afegã, num programa a combinar a tradição e a música de Mozart, compositor que assimilou referências do Médio Oriente na sua obra. A pianista Momo Kodama, o
trompetista Jeroen Berwaerts e o tangedor de teorba Thomas Dunford são outros solistas vindos das temporadas das principais salas mundiais de concerto, sem esquecer as formações 'da
casa', o Quarteto Verazin e o Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim, nem a habitual conferência do musicólogo Rui Vieira Nery, este ano no penúltimo dia do festival, dedicada a
Carlos Paredes, nos 100 anos do nascimento do guitarrista. Ao todo o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV) soma 15 concertos, mais de uma dezena de solistas, quatro
orquestras, seis agrupamentos corais ou de câmara, e oferece mais de cinco séculos de história da música de tradição europeia, da Renascença de Thomas Tallis à contemporaneidade de Fátima
Fonte, compositora de quem será estreada uma obra. O pianista Alexander Melnikov, um dos "grandes intérpretes" da próxima Temporada de Música Gulbenkian, apresentar-se-á em duo com
o trompetista Jeroen Berwaerts. O passado comum de ambos conta com gravações premiadas da Sonata de Paul Hindemith e do Concerto para piano, trompete e orquestra, de Dmitri Schostakivitch.
Quando atuam em conjunto, os seus programas podem ir de Luciano Berio e Gyorgy Ligeti, a Leonard Bernstein e Ravel, mas também podem dar lugar a Jacques Brel. O violoncelista Nicolas
Altstaedt, outro nome para o ciclo de grandes intérpretes da próxima temporada Gulbenkian, atuará na Póvoa com Thomas Dunford, antigo discípulo de Hopkinson Smith, pioneiro no resgate do
repertório e da interpretação historicamente informada da teorba. Marin Marais, Robert de Visée, Henri Duparc, Antoine Forqueray e Arvo Pärt são compositores anunciados. Thomas Dunford
também se apresentará a solo com obras de John Dowland, Johannes Kaspberger, Esteban Daza, Visée, Marais e Johann Sebastian Bach. Outro nome comum aos ciclos da Gulbenkian é o do pianista
Nelson Goerner, que trabalha regularmente com músicos como Martha Argerich e Steven Isserlis. Neste regresso a Portugal, interpretará Beethoven, Schubert e Rachmaninov. A soprano portuguesa
Ana Vieira, com uma carreira internacional que vai do trabalho com Les Arts Florissants, de William Christie e Paul Agnew, a salas como a Ópera de Paris e o Teatro Real Madrid, fundou o
agrupamento La Néréide com as cantoras Camille Allérat e Julie Roset. Ao festival trazem os compositores do seu primeiro álbum, "Il Concerto segreto", com obras de Luzzasco
Luzzaschi, Giulio Caccini, Luca Marenzio e Claudio Monteverdi, num testemunho da emergência do Barroco na viragem para o século XVII. O ensemble Voces8 Scholars, do programa anglo-americano
de formação de novos intérpretes, multiplicará perspetivas sobre o repertório antigo e a criação contemporânea, no programa "All Seems Beautiful", ao conjugar obras de Palestina,
Tallis, Stanford, Newley, Mitchell, Whitacre, Gabrieli, Panufnik, Gjeilo, Burton, Bennet, Passereau, Conti, Yazoo e Ellington. Na área da música de câmara, o festival propõe o Quatuor Ébène,
já distinguido pelos Prémios Gramophone, que interpretará Beethoven, Tchaikovsky e uma obra de Raphaël Merlin encomendada pelo festival; o Quarteto Verazin, em Ravel, e nos
"Ruckert-Lieder", de Gustav Mahler, com a soprano Beatriz Patrocínio e a bailarina Sara Garcia; e o ensemble ars ad hoc, criado no contexto da Arte no Tempo, que apresentará a obra
vencedora do 18.º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, e "Pierrot Lunaire", a obra visionária de Arnold Schoenberg, sobre poema de Albert Giraud. O Ensemble
Contemporâneo da Póvoa de Varzim, sob a direção de Stanley Dodds, interpretará William Walton, John Adams e fará a estreia da obra encomendada a Fátima Fonte, a autora da ópera
'buffa' "A Querela dos Grilos", que foi Jovem Compositora Associada do Teatro Nacional de São Carlos em 2017, e de quem a Orquestra Gulbenkian estreou recentemente
"Breve Desassossego". A Orquestra Juvenil Afegã, criada no âmbito do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, dará a conhecer mais uma faceta do trabalho da comunidade acolhida
em Portugal após a tomada do poder pelos Talibã, no Afeganistão, num concerto sob direção do maestro Tiago Moreira da Silva. No passado mês de março, no Dia Internacional da Mulher, a
Orquestra Juvenil Afegã lançou o vídeo "Together We Rise", manifesto contra a opressão no seu país de origem, num apelo à igualdade e justiça. As grandes formações do festival
contam ainda com a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Miguel Sepúlveda, que oferecerá uma das nove sinfonias de Beethoven -- por especificar no programa --, e conta com o Concerto em Sol
maior, de Maurice Ravel, com a pianista Momo Kodama, distinguida pela crítica do New York Times e da BBC Music Magazine, pelo álbum "La Vallée des Cloches", que inclui
"Miroirs", do compositor francês. O concerto de abertura fica a cargo dos jovens músicos da Folkwang Kammerorchester, de Essen, sob a direção do seu maestro principal, Johannes
Klumpp, num programa que combina Joseph Haydn, Johann Adolf Hasse e árias de Mozart, pela soprano Júlia Lezhneva. A Orquestra do Liceu de Havana garante o encerramento do festival, com a
trompista Sarah Willis, na direção e como solista, retomando o projeto conjunto "Mozart y Mambo", que já deu origem a três álbuns - um projeto que a revista Diapason definiu como
"uma requintada combinação" da música de Cuba com o universo do compositor de Salzburgo, na "mais bela, alegre, dançante e bem-disposta [proposta] do ano". Este concerto
realiza-se na nova Arena da Póvoa de Varzim. Os restantes têm lugar na Igreja Matriz, na Igreja de São Pedro de Rates, no Cine-Teatro Garrett e no Auditório Municipal. O Festival
Internacional de Música da Póvoa de Varzim é organizado pela autarquia, com direção artística do pianista Raul da Costa. A programação pode ser consultada a partir do 'site' da
autarquia. Leia Também: Morreu soprano Elizette Bayan. Tinha 86 anos