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Em declarações à Lusa, Henrique Augusto Pinhel, porta-voz da comissão negocial, afirmou que a greve foi decretada por dois sindicatos de magistrados do Ministério Público e um sindicato de
magistrados judiciais. A paralisação, adiantou o porta-voz da comissão negocial, acontece na sequência da entrega ao Governo de um caderno reivindicativo assinado pelos três sindicatos no
passado mês de março e sobre o qual, disse, já se realizaram quatro rondas negociais, "sem sucesso". No essencial, precisou Augusto Pinhel, os sindicatos reclamam o aumento do
número de tribunais, a reabertura de edifícios construídos para o efeito, mas atualmente fechados por carecerem de obras e ainda a melhoria das condições de trabalho. "Temos tribunais,
a maioria não está a funcionar", declarou Pinhel, dando o exemplo do tribunal regional de Bolama, Bijagós, construído desde 2008, mas que ainda não está operacional por falta de
magistrados e equipamentos, disse. O porta-voz dos sindicatos que convocaram a greve afirmou que houve uma altura em que os juízes foram colocados naquele tribunal, que deveria atender a
população das ilhas Bijagós, mas que acabaram por abandonar as instalações por falta de condições de trabalho. O tribunal que agora atende às necessidades da população das ilhas Bijagós
situa-se em Buba, no sul, na zona continental do país, o que, disse Augusto Pinhel, leva as pessoas a viajar até Bissau e a seguir para Buba. "Isso é uma autêntica negação da justiça à
população das ilhas", defendeu o porta-voz da comissão negocial, citando ainda o caso de Bissau, que atende as populações da região de Biombo. Augusto Pinhal assinalou que só na Vara
Crime existem, por ano, mais de dois mil processos, sem que a instância consiga dar resposta. "É preciso desmembrar esse tribunal", disse o sindicalista, defendendo que Biombo
devia ter o seu próprio tribunal, cuja falta, afirmou, dificulta a vida à população, nomeadamente às pessoas detidas, no que toca aos prazos judiciais. Augusto Pinhel notou que o Tribunal
Regional de Oio, que atende a população do centro do país, instalado em Mansoa, "neste momento funciona numa casa arrendada", quando existe um edifício construído de raiz,
atualmente fechado por necessitar de obras. O porta-voz da comissão negocial da greve aponta o caso de um dos tribunais setoriais de Bissau, instalado no bairro de Pêrê, que disse funcionar
"numa casa que parece de animais". O sindicalista indicou igualmente que a greve serve para exigir "uma melhor gestão do cofre geral da justiça", a partir do qual,
defende, seria possível "atender muitas demandas" do setor, nomeadamente a melhoria das condições de funcionamento dos tribunais. Um outro ponto de reivindicação dos três
sindicatos é a aplicação de um novo estatuto remuneratório, aprovado no parlamento em 2018 e promulgado no mesmo ano pelo então Presidente guineense, José Mário Vaz. Uma nota do ministro das
Finanças, Ilídio Vieira Té, que os sindicatos entregaram à Lusa, dá conta de que, "por imposição do Fundo Monetário Internacional", o executivo está impedido de adicionar mais
défice ao Orçamento Geral do Estado para o ano 2025. Leia Também: Ex-comandante da Guarda guineense condenado a oito anos de prisão