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Poucas horas após divulgar uma carta à nação em que pediu harmonia entre os poderes, pregando o respeito às instituições, o presidente Jair Bolsonaro voltou a elogiar as manifestações do 7
de Setembro, marcadas por pautas antidemocráticas e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), pivôs da escalada da crise entre Executivo e Judiciário. Em transmissão ao vivo nas redes
sociais nesta quinta-feira, Bolsonaro reiterou que, na sua avaliação, os manifestantes da última terça-feira pediam liberdade de expressão e “eleições transparentes” – ou seja, a adoção do
voto impresso, tema já derrotado no Congresso. “Foi uma manifestação pública, pedindo legalidade, nada mais justo”, afirmou o presidente. “Quero parabenizar a todos que se manifestaram
pacificamente no último dia 7”, acrescentou. Contudo, foram as ameaças de Bolsonaro ao STF nos atos do feriado da Independência que maximizaram a crise entre os poderes. Na ocasião, o chefe
do Planalto chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, de canalha e disse que não mais respeitaria decisões vindas do seu gabinete. No dia seguinte, o presidente da Corte, Luiz Fux,
alertou que isso seria crime de responsabilidade. Hoje, com ajuda do ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro divulgou uma carta à nação em que recuou de sua radicalização e garantiu que
respeita as instituições – embora agora à noite tenha repetido elogios aos atos marcados por ameaças à Suprema Corte. “Todos têm que se curvar à Constituição, sem exceção”, disse ainda o
presidente, em um novo sinal de que considera as mais recentes decisões do Judiciário como inconstitucionais.